Influência De Floresta Secundária E Gramínea Na Deflagração De Deslizamentos Translacionais Rasos Em Nova Friburgo, Rio De Janeiro

Abstract

A Serra do Mar apresenta ainda um dos maiores remanescentes contínuos de Mata Atlântica sendo caracterizada ao mesmo tempo pela recorrência dos movimentos de massa associados às chuvas intensas. No desastre da região serrana (RJ), mais de 3.600 deslizamentos foram defl agrados, dos quais 24,6% ocorreram em coberturas de gramíneas, enquanto 54,8% ocorreram em coberturas de fl orestas. Esse trabalho teve como objetivo analisar a infl uência dessas vegetações no controle da umidade do solo para o entendimento da defl agração dos deslizamentos nas chuvas intensas. Duas encostas foram selecionadas em Nova Friburgo (RJ) para o monitoramento da precipitação, interceptação e sucção nas profundidades de 5, 20, 50, 100, 150 e 220 cm, que também foram analisadas em relação a biomassa e comprimento de raízes grossas (> 2 mm) e fi nas (< 2 mm) e em relação as propriedades físicas do solo (granulometria, estabilidade de agregados e porosidade). Os resultados demonstraram diferenças expressivas de biomassa e comprimento de raízes grossas entre a fl oresta (1785,0 g.m-3 e 40,1 m.m-3) e a gramínea (121,2 g.m-3 e 6,4 m.m-3). A biomassa de raízes fi nas foi parecida entre as vegetações, porém na gramínea foram encontradas até 100 cm, enquanto na fl oresta até 200 cm. Em Informações sobre o Artigo Recebido (

Efeitos da dinâmica pluviométrica na interceptação e precipitação interna em uma encosta com Floresta Atlântica no Parque Nacional da Tijuca, RJ, Brasil.

“…O percentual interceptado médio observado no presente estudo parece estar um pouco acima do reportado por alguns autores para florestas de Mata Atlântica, onde os valores mais comuns estão entre 10 e 20% (Giglio e Kobyama, 2013;Sá et al, 2016;Marques et al, 2018;Junqueira Júnior., 2019;Arcova et al, 2020a). Ao comparar três variações de Floresta Atlântica em diferentes estágios sucessionais (floresta inicial, média e avançada, nos termos do autor), Diniz et al (2013) encontram valores próximos entre si, variando entre 20,7% no estágio considerado médio e 23% no avançado.…”

“…A Precipitação Internaapresentou valores médios de 45,9 mm (± 51,7) para a encosta nos eventos analisados, com maiores valores no Ev2 e Ev6 e menores em Ev5 e Ev7 (Figura 7), sendo esta variação temporal fortemente controlada pelo volume de chuva inicial (Tabela 1). Este é o resultado mais reportado na bibliografiacostuma ser o ponto central nas abordagensquando o tema é a interceptação de chuva e precipitação interna, com diversos trabalhos indicando valores de coeficiente de determinação (r 2 ) acima dos 0,95 como os encontrados no presente trabalho, tanto na Mata Atlântica (Diniz et al, 2013;Marques et al, 2018;Junqueira Jr., 2019;Arcova et al, 2020 a), quanto em povoamentos de Eucalipto (Sato et al, 2011;Paula et al, 2020) ou em outros ambientes no Brasil (Souza et al, 2019;Momolli et al, 2019;Queiroz et al, 2020) e no mundo (Livesley et al, 2014;Magliano et. al., 2019).…”

“…Cerca d e 73% da chuva costuma alcançar o solo como precipitação interna. Na Mata Atlântica, os f luxos de tronco costumam representar menos de 2% dos volumes de chuva incidente (Sá et al, 2016;Terra et al, 2018), e um percentual entre 15 e 30% da chuva pode ficar retido nos tecidos aéreos da vegetação, com tendência de retorno à atmosfera por evaporação, sendo esta a fração de interceptação (Sá et al, 2016;Marques et al, 2018;Arcova et al, 2020a;Paula et al, 2020). Em geral, a proporção de chuva a formar fluxos de tronco costuma ser governado pela forma das árvores, enquanto a proporção entre interceptação e precipitação interna costuma ser controlada pela quantidade de biomassa e características dos eventos de chuva como volume e intensidade de precipitação (Yue et al, 2020).…”

“…Através destes processos, a cobertura vegetal exerce algum controle sobre a quantidade de água e a velocidade com a qual esta atinge determinados horizontes do solo, ao reter e/ou redistribuir fluxos (Marques et al, 2018;Arcova et al, 2020a). A arquitetura de raízes e a matéria orgânica no solo, por sua vez, favorecem os fluxos de água entre perfis pedológicos (Centenaro et al, 2018;Hu et al, 2019;Lavallee et al, 2019).…”

Mapeamento das Zonas de Transporte e de Deposição de Escorregamentos Rasos por Meio de Ferramentas Semiquantitativas

“…No Brasil, os escorregamentos rasos ocorrem de forma frequente sobretudo no compartimento geológico-geomorfológico da Serra do Mar, associados à interação entre eventos pluviométricos prolongados e de alta intensidade e às características geomorfológicas como altas declividades e solos pouco espessos. Destacam-se alguns destes eventos generalizados nos estados de São Paulo (TATIZANA et al, 1975;DE PLOEY;CRUZ, 1979;SELUCHI;CHOU, 2009; VIEIRA; FER-NANDES; AUGUSTO FILHO, 2010;GRAMANI, 2015;CERRI et al, 2017), Rio de Janeiro (COSTA NUNES, 1969;JONES, 1973;COELHO NET-TO et al, 2011;AVELAR et al, 2013;MARQUES;COELHO NETTO;SATO, 2018), Santa Catarina (KOBIYAMA et al, 2011;MICHEL;GOERL, 2014;SBROGLIA et al, 2018) e Paraná (MARTINS, et al, 2020;.…”