O presente estudo tem como objetivo investigar os significados atribuídos pelos agricultores familiares da Feira Popular da Agricultura Familiar (FPAF) de Duque de Caxias aos alimentos agroecológicos e orgânicos cultivados, bem como à importância de sua atividade e a expectativa de estimular o consumo da população do município, contribuindo para sua segurança alimentar. Foram compiladas informações sobre a agricultura familiar em âmbito nacional e estadual; as políticas públicas voltadas ao grupo; a produção e distribuição de alimentos agroecológicos no Brasil. Foram realizadas observações participantes na feira popular e, posteriormente, conduzidas entrevistas com estes agricultores contendo perguntas sobre a rotina de trabalho e comercialização. Após a análise de conteúdo dos dados obtidos, emergiram quatro categorias de significação. Elas trazem a perspectiva dos agricultores de que o consumo de alimentos agroecológicos ainda é discreto, comparado aos convencionais, dado o preço mais elevado, as dificuldades logísticas e a insuficiente escala de disseminação entre consumidores locais. O estudo mostra que os agricultores familiares atribuem grande valor a seu trabalho e ao espaço da FPAF devido à forma como comunicam sua identidade social. Além, reconhecem a importância da alimentação natural em suas vidas e na dos consumidores. Tal fato sugere que a marginalização da classe seja resultado da falta de suporte do governo e de visibilidade para o público, já que os produtores apresentam percepção avançada do seu papel como potencial agente transformador dos hábitos alimentares e de aproximação do consumidor com a cadeia de alimentos.