Influência da prótese total mucossuportada na posição da cabeça da mandíbula em relação à fossa mandibular

Abstract

O objetivo neste trabalho foi visualizar possíveis alterações do posicionamento da ATM em pacientes desdentados que não usavam prótese total ou que a utilizavam apenas no arco superior. Para tanto, avaliou-se a posição da cabeça da mandíbula na fossa mandibular por meio de radiografia transcraniana lateral, realizada antes e após tratamento protético oclusal reabilitador. Foram obtidos 38 exames radiográficos separados em dois grupos, dos quais somente a posição de boca fechada foi utilizada para mensuração, para que a cabeça da mandíbula estivesse posicionada no interior da fossa mandibular. As medidas foram realizadas em 3 regiões entre a cabeça da mandíbula e a fossa mandibular em ambas as articulações (direita e esquerda) de cada paciente através de traçado manual. Após análise dos valores encontrados, pôde-se afirmar que não houve alteração significativa das posições anterior, superior e posterior da relação cabeça da mandíbula e fossa mandibular da ATM esquerda dos indivíduos. Contudo, do lado direito houve um deslocamento posterior da cabeça da mandíbula em relação à fossa mandibular após a colocação da nova prótese total.

A importância de uma documentação radiográfica como método auxiliar de diagnóstico, planejamento e proservação na reabilitação com prótese total

“…Esse achado pode ser decorrente de uma assimetria da cabeça da mandíbula, que pode ser devida à diferença nos padrões de crescimento ou ao processo de remodelação que ocorre com a ausência dos dentes de modo não idêntico dos dois lados da articulação. 3,9 A observação de um posicionamento mais anteriorizado das ATMs nos pacientes desdentados do presente estudo pode ser decorrente da dificuldade do paciente no posicionamento mandibular no momento da tomada radiográfica, devido à alteração proprioceptiva causada pela ausência dentária, impedindo um posicionamento mandibular constante, fato este que poderia explicar a diferença dos resultados de Amorin et al (2003) 3 , segundo o qual com a ausência dentária e, conseqüentemente, com a perda da dimensão vertical, ocorre uma rotação anti-horária da mandíbula, o que leva a um deslocamento da cabeça da mandíbula para uma região mais posterior na fossa articular, podendo,comprimir a zona bilaminar, responsável pelo suprimento sangüíneo e nutrição da ATM.…”

“…Apresenta movimentos próprios para cada lado, porém simultâneos por serem interligadas pela mandíbula. 9 Existe uma relação de interdependência da ATM com a oclusão dental, tornando de grande importância a avaliação morfológica e funcional da cabeça da mandíbula em pacientes desdentados, sob o risco de que a falta ou o uso de próteses mal adaptadas possam ser causa de disfunções craniomandibulares. 9 Na ausência de dentes, o espaço articular pode sofrer alterações nocivas, comprometendo as funções do sistema estomatognático.…”

“…Portanto, as medições desses espaços podem trazer informações úteis na avaliação da condição articular. 9 Os idosos são os mais susceptíveis às desordens têmporo-mandibulares (DTMs) devido à degeneração fisiológica da ATM e ao uso de próteses totais inadequadas. Muitas vezes, a tomada incorreta da dimensão vertical de oclusão em pacientes usuários de prótese total pode gerar desgastes dos dentes artificiais, acarretando desajustes das bases; desarmonia facial; trauma na fossa articular associada a dor, desconforto, estalidos e cefaléia, entre outros.…”

“…Muitas vezes, a tomada incorreta da dimensão vertical de oclusão em pacientes usuários de prótese total pode gerar desgastes dos dentes artificiais, acarretando desajustes das bases; desarmonia facial; trauma na fossa articular associada a dor, desconforto, estalidos e cefaléia, entre outros. 9,17,35 Aplainamento da superfície superior da cabeça da mandíbula é um achado comum com o aumento da idade. A posição da cabeça da mandíbula nos desdentados totais está situada mais anteriormente na fossa, sendo que com a instalação das próteses totais há uma tendência de deslocamento para uma região mais central, sendo esta posição reconhecida como uma relação ótima ao nível radiográfico.…”

“…A radiografia transcraniana lateral é um dos exames complementares mais utilizados para avaliação articular, pois possibilita boa visualização dos contornos ósseos. 9 As radiografias panorâmicas também possibilitam a identificação da forma das cabeças da mandíbula e condição das superfícies articulares, numa vista lateral. Informações adicionais podem ser obtidas quando da realização de radiografias panorâmicas com programas para ATM (também chamadas de transfaciais), já que a técnica permite a visualização de imagens da articulação em duas posições: boca fechada e boca aberta.…”