Ver artigo relacionado na página 39 O estudo de Quadros et al. 1 foi realizado entre 1997 e 2001 em pacientes com angina instável e doença arterial coronariana grave, tratados por intervenção coronária percutânea com implante eletivo de stents. Foi avaliada a presença de estenose residual negativa < 0% (relação balão/artéria 1,05 ± 0,09) ou entre 0-30% (relação balão/artéria 0,99 ± 0,06; P < 0,001), medida pela angiografia coronariana quantitativa em 392 pacientes e 424 lesões. As características demográficas e angiográficas foram similares. O acompanhamento tanto clínico (97% dos pacientes) como angiográfico (30%) demonstra que uma estenose residual negativa (< 0%) após o implante de stents nessa população não está associada a resultados adversos.Esses resultados nos remetem aos aspectos bási-cos do intervencionismo cardiovascular. Em 1992, em modelo animal em suínos, foi demonstrado que o espessamento neointimal é diretamente proporcional à profundidade do trauma arterial 2 . A análise de regressão linear do escore de trauma arterial médio e a espessura neointimal média indicaram relação proporcional. De acordo com esse conceito, há uma relação linear entre o trauma arterial e a proliferação neointimal. Embora a profundidade do trauma não possa ser avaliada no homem com base em estudos angiográficos, esse efeito foi confirmado na análise de autópsias de artérias submetidas a angioplastia com balão.Estudos histopatológicos indicam que o trauma vascular, além da compressão da placa, é o mecanismo mais proeminente na maioria das angioplastias com balão 3,4 . A profundidade do trauma arterial logo após a angioplastia com balão varia muito e podemos observar desde lacerações da íntima a traumas profundos, com ruptura da lâmina elástica interna, da média e, mais raramente, da adventícia. A túnica média fica comprometida em 70-80% dos casos de angioplastia com balão 5,6 . Provavelmente esse é um fator decisivo na frequência de reestenose coronariana observada em estudos clínicos, que varia de 32% a 42% 7,8 .Foram identificados diferentes fatores que se correlacionam com maior risco de reestenose, relacionados ao paciente, à lesão coronariana e ao procedimento. O único fator de risco relacionado ao procedimento que apresenta maior risco de reestenose é a maior estenose residual ("resultado subótimo"). Fatores relacionados ao procedimento, como número de inflações, duração das inflações com balão, pressão do balão, tipos de materiais utilizados, entre outros, não foram associados a maior risco de reestenose.O implante de stent é a técnica percutânea mais frequentemente utilizada para o tratamento percutâneo da doença arterial coronariana. O calcanhar de Aquiles continua sendo a reestenose e sua principal característica é a proliferação neointimal. Também foi sugerido que o lúmen arterial final aumentado é o melhor preditor de resultado clínico 9,10 . O implante de stent está relacionado a trauma vascular com desnudamento endotelial, depósito de trombos, rompimento da placa, penetração no núcleo lipídico, inflamação agu...