Os enteroparasitos são causa importante de agravos à saúde humana e podem interferir de forma significativa no desenvolvimento infantil. Embora as formas de transmissão sejam bem documentadas, a desinformação e as precárias condições socioeconômicas de alguns segmentos da população ainda são fatores que contribuem para a manutenção de parasitos no País, viabilizando a transmissão. Este estudo foi realizado entre crianças residentes e funcionários de uma instituição filantrópica religiosa, situada na cidade de Niterói, Rio de Janeiro, consistindo em um ciclo de palestras educativas, seguido da coleta de amostras fecais para diagnóstico coproparasitológico. Foram coletadas 68 amostras fecais frescas e encontrados enteroparasitos em 41 delas (60%), sendo o Blastocystis hominis o parasito mais prevalente (44%). Adicionalmente, sete amostras foram positivas para o complexo Entamoeba histolytica/E. dispar, sendo uma confirmada como E. histolytica pelo ELISA para pesquisa de coproantígeno. Em 37 amostras de fezes foi pesquisada a presença de E. histolytica e E. dispar pela técnica de Nested-PCR. Entre essas, 12 (32%) amplificaram um fragmento de 195 pb quando utilizados primers específicos para E. dispar, não havendo amplificação de qualquer produto com os primers de E. histolytica. Estudo feito no entorno da instituição revelou acúmulo de lixo e a presença de saídas de esgoto no peridomicílio, as quais desembocavam nas proximidades da área de lazer das crianças. É possível que esses pontos sejam responsáveis pela contaminação do solo e mesmo incriminados como uma das possíveis fontes de infestação para as crianças.