Indígenas Sateré-mawé/AM e Hixkaryana/AM em sofrimento mental e ético-político

Abstract

Partimos de visão spinozana que não dicotomiza corpo e mente e salientamos inferências a respeito de duas etnias indígenas da Amazônia ante os processos psicossociais. Metodologicamente, consideramos historicidade e territorialidade na análise. Ambas podem se vincular a sofrimentos no campo da saúde ou não. As reflexões tiveram o objetivo de considerar cosmovisão e imemorialidades. Concluímos que encontros vividos por povos originários na cidade tendem a lançá-los a condições de sofrimento ético-político, em uma dialética inclusão/exclusão social, diminuindo a conatus dos indígenas, afetando sua saúde e concorrendo para um status de reatividade.

Círculo de cultura sobre estratégias de indigenização da saúde mental com povos indígenas do Ceará

“…Esses processos iniciaram com a invasão das terras brasileiras por Portugal e permanecem até os dias atuais com a não demarcação de seus territórios, a não garantia de direitos fundamentais e o desrespeito pelas suas culturas e modos de vida. Assim, os povos originários são acometidos com privações, injustiças e invisibilidades diante do poder público e sociedade, fatores que são ocasionadores de sofrimentos (Albuquerque, 2020).…”

“…Nessa perspectiva, mesmo com toda a luta e conquistas institucionais das populações originárias, elas ainda são afetadas pela cultura social dominante, que foi introjetada a partir do processo de colonização em território brasileiro e que aponta um único modo possível de viver. Os povos indígenas permanecem sendo alvos dos racismos cotidianos, da negligência com a demarcação e homologação de terras, que ocasionam em conflitos, invasões e até mortes de seus parentes em seus territórios (Albuquerque, 2020). Esses fatores sociais são ocasionadores do sofrimento mental, pois, escancara ferimentos emocionais e psicológicos cumulativos entre gerações (Nascimento et al, 2021).…”

Notas comunicativas do Clã Lagarta da etnia Sateré-Mawé/AM sobre a covid-19

“…No processo, foi se sobressaindo com muita autonomia a voz da liderança de Josias. Assim, notamos a importância de suas lutas no conjunto de histórias e avanços vividos em meio à pandemia (Albuquerque, 2020).…”

A escrita indígena amazônica: comunicação nativa para pensar questões da atualidade

“…A contemporaneidade apresenta formas complexas de comunicação que orientam povos amazônicos ambientados em interiores rurais e ribeirinhos do bioma. Essas formas são permeadas por instrumentais que envolvem mudanças, físicas e mentais, as quais se conjuminam a modos de vida (Albuquerque & Busarello, 2019;Albuquerque, 2020). Dentre diversas possibilidades de comunicação na Amazônia está a literatura (Oliveira & Batista, 2021), um meio que agrega narrativas fundamentais.…”