Impactos persistentes da cultura de massas na comunicação: a crise da empatia e o rebaixamento cognitivo

Abstract

Resumo O texto apresenta resultados de pesquisa teórica realizada nos últimos anos acerca da importância da empatia para a comunicação e trata do que se pode considerar uma crise da empatia gerada por um século de comunicação de massas, propondo relações entre comunicação presencial e eletronicamente mediada e perda da propriocepção corporal fundamental para os processos empáticos. A predominância da comunicação eletrônica deixou suas marcas tanto nos processos emocionais e empáticos da comunicação, bem como no que podemos considerar como uma espécie de rebaixamento cognitivo. Ambos os processos estão na base de uma crise social de enormes proporções que se instaura hoje no Brasil e que se revela tanto na crescente intolerância social, quanto na facilidade com que a sociedade é hoje afetada negativamente pela desinformação. O pensamento proposto baseia-se nos entrelaçamentos entre ferramentas conceituais dos estudos de Comunicação e Mídia, de Psicologia e de Etologia Humana.

Imersão digital e o desaparecer de si: entregar-se às águas do rio Lete

“…O rebaixamento cognitivo apontado por Contrera (2021), causado pelo uso exagerado das telas, pelo abandono do corpo e das práticas ritualísticas, e pela escassez cada vez maior de pensamento simbólico e criativo (CONTRERA, 2015), é confirmado por dados da neurociência mostrados por Michel Desmurget (2021), quando o autor apresenta os resultados de testes de inteligência, entre outros dados, nos quais se pode identificar um padrão de diminuição da inteligência geral das gerações mais novas. Mesmo que não concordemos totalmente com os critérios de normatização dos parâmetros utilizados nos testes de inteligência, os dados são reveladores, mostrando que, pela primeira vez na história desse tipo de medição, se verifica um rebaixamento cognitivo que pode ser encontrado nas crianças contemporâneas em relação às gerações anteriores.…”