Desenvolvo neste estudo uma abordagem qualitativa dos dois projetos editoriais que transformaram em livro a carta autobiográfica que Patrícia Galvão, a Pagu (1910-1962), escreveu a seu segundo marido, Geraldo Ferraz (1905-1979), em 1940. A primeira publicação, de 2005, foi realizada pela Agir e a segunda, de 2020, pela Companhia das Letras. Considero tanto a carta autobiográfica de Pagu como as duas edições em livro como textos, com base nos conceitos contemporâneos de textualidade e textualização. Além disso, considero os textos escolhidos para esta análise como objetos linguístico-históricos, de acordo com a definição da análise do discurso francesa. Observando os produtos editoriais finais (livros), destaco como os conceitos que nortearam os dois projetos gráficos sugerem determinadas leituras, ou seja, indicam processos de textualização bastante distintos apesar de terem o mesmo documento original como ponto de partida do processo editorial.