“IIRIRA 96” fechando o cerco aos clandestinos nos EUA

Abstract

Ao pensarnos na migração internacional, poucos países nos chamam a atenção como os Estados Unidos, o principal país de destino da maiorpartedos migrantes espalhados pelo mundo e recentemente também de imigrantes brasileiros. Ao longo dos anos, os Estados Unidos têm se destacado não só por ser considerado como uma nação de imigrantes, como pelo fato de que, desde 1965, esse país tem implantado leis de imigração liberais, que privilegiam o critério de reunir famílias separadas pela migração. No entanto, o grande número de imigrantes que têm chegado nos últimos anos nos Estados Unidos tem gerado uma série de debates e despertado muitas polêmicas sobre a utilidade e o papel desses imigrantes, principalmente os clandestinos (ou ilegais), na sociedade americana. A maioria da população branca dominante, em especial, tem apresentado uma certa resistência em aceitar a nova população constituída por latinos e asiáticos. Como resultado, pressões para um aumento no controle de quem pode ou não entrar no país têm sido cada vez maiores. Assim, o último passo dado para restringir o ingresso desses imigrantes envolve a sua política migratória, ou seja, os critérios estabelecidos pela lei americana para controlar esse fluxo, o que se fez sentir diretamente na mais recente lei de imigração, mais conhecida como IIRIRA 96. [...]

Ciências Sociais Hoje: Antropologia

“…Deve-se atentar que as pesquisas dessa linha realizadas nos Estados Unidos ainda na década de 1990 examinaram a inserção de emigrantes brasileiros no contexto das novas migrações internacionais (Sales, 1995), especialmente no mercado de trabalho norte-americano (Scudeler, 1999), já indicando as crescentes restrições à entrada de migrantes estrangeiros nesse país Goulart, 1996). Análises salientaram o cerco aos migrantes "clandestinos" (Monteiro, 1998), a criminalização e as percepções aparentemente paradoxais de migrantes sobre a legitimidade de sua condição clandestina (Sales, 1998), em uma conjuntura em que novas políticas migratórias no cenário norte-americano, assim como na União Europeia pós-Schengen, começavam a equiparar migrantes indocumentadoscategorizados como "ilegais" e "irregulares" -com o terrorismo, o tráfico de pessoas e o contrabando internacional. Vários desses estudos centralizaram sua atenção nos migrantes oriundos de Governador Valadares, com base em investigações realizadas nessa cidade mineira (Fusco, 2002) ou entre essa cidade e a região de Massachusetts, Estados Unidos, especialmente em localidades situadas na área de Boston (Assis, 2002;Martes, 1999;Monteiro, 1998;Sales, 1999a;.…”

“…Análises salientaram o cerco aos migrantes "clandestinos" (Monteiro, 1998), a criminalização e as percepções aparentemente paradoxais de migrantes sobre a legitimidade de sua condição clandestina (Sales, 1998), em uma conjuntura em que novas políticas migratórias no cenário norte-americano, assim como na União Europeia pós-Schengen, começavam a equiparar migrantes indocumentadoscategorizados como "ilegais" e "irregulares" -com o terrorismo, o tráfico de pessoas e o contrabando internacional. Vários desses estudos centralizaram sua atenção nos migrantes oriundos de Governador Valadares, com base em investigações realizadas nessa cidade mineira (Fusco, 2002) ou entre essa cidade e a região de Massachusetts, Estados Unidos, especialmente em localidades situadas na área de Boston (Assis, 2002;Martes, 1999;Monteiro, 1998;Sales, 1999a;. Outros priorizaram, na década de 2000, a migração feminina de Criciúma (Santa Catarina) para a região de Boston e seus rearranjos familiares (Assis, 2004) e a de brasileiros e brasileiras para Miami e Framinghan (Boston), com ênfase na transformação desses cidadãos e cidadãs em grupo étnico nos Estados Unidos (Assis, 2004;Sales, 1999b).…”