Identificação de Leucocytozoon sp. em Mico rondoni (Sagüi-de-Rondônia) na Amazônia brasileira e seu sistema imune à infecção parasitárias: primeiro relato em primata-não-humano

Abstract

A presença de parasitos e as condições ambientais alteradas podem afetar a saúde dos primatas-não-humanos (PNHs). A compreensão dessas mudanças pode contribuir para a elaboração de medidas de conservação desses animais e de seu habitat. O objetivo foi identificar a presença de hemoparasitos e estabelecer um parâmetro leucocitário dos saguis-de-Rondônia (Mico rondoni) presentes em dois remanescentes florestais antropizados. Foi conduzido um estudo experimental que envolveu a captura e coleta de sangue de 14 indivíduos da espécie Mico rondoni, primatas pertencentes à família Callitrichidae, em duas áreas consideradas urbana e periurbana de Porto Velho/RO. A identificação parasitária e análise dos parâmetros leucocitários, foram realizados a partir de lâmina histológica em camada fina e estendida, por microscopia óptica (coloração HE) nos aumentos de 400 e 1.000X e com suporte de atlas parasitológico e hematológico. Observou-se, por similaridade morfológica, a ocorrência do protozoário do gênero Leucocytozoon sp. em 100% das amostras analisadas. A análise diferencial dos leucócitos indicou um parâmetro equivalente a valores de referência para o mesmo gênero e/ou família já estudados em outras localidades: neutrófilo 53%, eosinófilos 1%, basófilo 3%, linfócitos 33% e monócitos 10%. Este estudo aponta a possível presença do Leucocytozoon em PNH presentes em remanescentes florestais urbanos e periurbanos de Porto Velho/RO. O parâmetro leucocitário permitiu avaliar a resposta imune da espécie Mico rondoni ao meio em que vive e a endoparasitos, representando um significativo reservatório zoonótico; trata-se de uma espécie endêmica do estado de Rondônia e categorizada como vulnerável à extinção tanto em nível global como nacional. Apresenta grande plasticidade ecológica, conseguindo sobreviver em pequenos fragmentos florestais impactados por diversas atividades antrópicas e com proximidade dos humanos, como é o caso das duas áreas de ocorrência dos mesmos. Portanto, é necessário estabelecer a vigilância epidemiológica a potenciais parasitos zoonóticos, dentro da abordagem da saúde única.