IDADES U-Pb EM XENOTÍMIO-(Y) DE UM VEIO DE QUARTZO COM ALMEIDAÍTA E PARISITA-(La), NOVOS MINERAIS ENCONTRADOS NA SERRA DO ESPINHAÇO (NOVO HORIZONTE, BAHIA)

Abstract

As idades iniciais de sedimentação/vulcanismo do Supergrupo Espinhaço (Minas Gerais e Bahia) são razoavelmente bem estabelecidas (~1.700Ma), bem como as idades das deformações relacionadas ao final do Ciclo Brasiliano (580-490Ma). Entretanto, a idade de formação dos veios hidrotermais de quartzo hospedados naquela sequência ainda é pouco conhecida. Análises U-Pb em xenotímio-(Y) de um veio de quartzo em rocha metavulcânica da Formação Novo Horizonte (Grupo Rio dos Remédios – Supergrupo Espinhaço), na Bahia, foram obtidas por LA-MC-ICP-MS. Almeidaíta e parisita-(La) são novos minerais descobertos no mesmo depósito, surpreendentes devido ao tamanho anômalo dos seus cristais. As três amostras de xenotímio mostraram razões isotópicas U-Pb concordantes em 491,7 ± 1,0 Ma, 493,0 ± 0,93 Ma e 504,1 ± 0,78 Ma. Essas idades são interpretadas como de cristalização do xenotímio e, consequentemente, dos novos minerais associados, corroborando outros estudos que mostram os processos geológicos do final do Brasiliano como vigentes até pelo menos ~490 Ma, no Cambriano tardio. Tais idades são também coerentes a nível regional, inteiramente semelhantes às encontradas em monazita-(Ce) de veios de quartzo do Espinhaço em Minas Gerais, e ainda à de veios contemporâneos hospedados em rochas originalmente de outro estilo metalogenético, como no Quadrilátero Ferrífero, nesse mesmo Estado, denotando um evento a nível regional de larga extensão.

Pseudomorfismo

“…A Serra do Espinhaço na região de Novo Horizonte é constituída por rochas metavulcânicas ácidas relacionadas ao Grupo Rio dos Remédios, basal do Supergrupo Espinhaço na Bahia, com idades de extrusão relacionadas ao Mesoproterozoico (Chaves et al, 2018a). Essa região tem se notabilizado nas últimas décadas como a principal fornecedora mundial de amostras de quartzo hialino com inclusões de hematita e/ou rutilo para o mercado de minerais de coleção (Menezes Filho & Chaves, 2007).…”

“…Na procura por tais amostras, outros minerais têm sido recuperados, dentre os quais o ora descrito parisita-(La), além de outro novo mineral brasileiro, a almeidaíta (Menezes Filho et al, 2015). Mais recentemente, Chaves et al (2018a) dataram pelo método U-Pb amostras de xenotímio-(Y) associadas aos mesmos depósitos onde foram encontrados esses dois minerais, determinando uma idade de ~490 Ma. Tais idades foram consideradas também as idades de formação dos veios hidrotermais de quartzo nos quais se hospedam as mineralizações, que se relacionam à fase hidrotermal tardia associada ao colapso do Ciclo Brasiliano (desenvolvido entre 630-490 Ma, conforme Pedrosa-Soares et al, 2011).…”

Depósitos De Quartzo Ametista Em Minas Gerais

“…Com relação à origem destes veios, o processo hidrotermal está relacionado ao metamorfismo regional de idade Brasiliana que afetou as unidades geológicas presentes na Serra do Espinhaço e adjacências; sua geração principal foi datada em cerca de 490 Ma (Chaves et al, 2010;Chaves et al, 2018; U-Pb em monazita e xeno ma, respec vamente). Carvalho (1982) propôs um modelo simples para o desenvolvimento dos veios de quartzo na Serra do Espinhaço, em que fluidos hidrotermais ascendentes, aquecidos e saturados em sílica, precipitam seu conteúdo devido à diminuição da temperatura em direção aos níveis crustais superiores, tornando a solução supersaturada em sílica.…”

Minerais Recentemente Descritos No Brasil: A Participação Do Centro De Pesquisa Prof. Manoel Teixeira Da Costa - Cpmtc, Instituto De Geociências (Ufmg)

“…Na região de Novo Horizonte afloram rochas metavulcânicas ácidas relacionadas à Formação Novo Horizonte (Grupo Rio dos Remédios), porção basal do Supergrupo Espinhaço -Mesoproterozoico (Menezes Filho et al, 2015b). Em novo trabalho de campo realizado pelos autores em 2013, foram "desentupidas" antigas escavações, permitindo recuperar também o mineral in situ, no contato de um metarriolito alterado com veio de quartzo métrico, que foram depois datados por U-Pb em xenotímio-(Y) em 490 Ma (Chaves et al, 2018), demonstrando sua idade relacionada ao final do Ciclo Brasiliano. A mesma pesquisa levou ainda à descoberta da primeira ocorrência de senaíta (outro mineral do grupo da crichtonita) in situ, na região de Presidente Kubitschek (MG), relatada em Chaves & Menezes Filho (2017).…”