Este artigo busca apresentar o conflito entre a Venerável Ordem Terceira (VOT) e a Comunidade Quilombola da Pedra do Sal, localizados no bairro tradicional da Saúde, na região portuária do Rio de Janeiro, assim como sua relação com o patrimônio, pois a VOT, vinculada à Igreja Católica Apostólica Romana, reivindica a propriedade dos imóveis a partir de uma doação da família imperial, que teria sido confirmada pela prefeitura do Rio de Janeiro. O segundo grupo, consequência do processo de escravidão, busca a titulação coletiva a partir da doação feita pelos seus antepassados diretos. Com base nos documentos bibliográficos citados sobre o tema, o estudo se justifica por tratar de dois grupos constituídos de herança histórica e que disputam o território diante de uma nova realidade urbana. As tentativas de expropriação pela irmandade religiosa VOT sobre a comunidade quilombola coloca em risco a permanência desse grupo, que tem resistido com a ajuda de movimentos sociais, eventos culturais locais, ações do sindicato e demais grupos que se identificam com a causa. A questão-problema desse estudo é: como a tensão entre dois grupos se configura em luta simbólica? Assim, pensar o território como algo físico e de pertencimento é insuficiente para entendermos questões mais profundas e dinâmicas que vivemos, isso requer dizer que a reflexão do território é pensar em toda uma construção social que perpassa as questões de identidade, subjetividade, memória, história, seus fluxos e fixos. É acerca desse território simbólico que o estudo apresenta questões relacionadas ao campo do patrimônio como categoria do pensamento e que valorização do bem é um processo social que só ocorre mediante disputa.