Objetivo: Comparar a eficácia de 3 formas de tratamento para estrabismos de pequeno e médio ângulos: cirurgia, aplicações unilaterais e bilaterais de toxina botulínica. Métodos: Foram estudados 97 pacientes, divididos em três grupos. No grupo I foi feito um estudo prospectivo no qual 44 pacientes receberam injeção unilateral da toxina botulínica tipo A; no grupo II, 24 pacientes receberam injeção bilateral da toxina, e no grupo III foi feito estudo retrospectivo de 29 pacientes previamente operados de estrabismo. A eficácia dos tratamentos foi estudada segundo o percentual de correção do desvio ocular e segundo o índice de sucesso terapêutico, definido como um desvio residual de até 10 DP (dioptrias prismáticas). Resultados: Os percentuais de correção dos desvios horizontais, para longe, no 3 o mês, foram: grupo I = 50,9%; grupo II = 55,8% e grupo III = 77,0%. Para perto, foram: 48,6%, 49,2% e 72,8%, respectivamente. Os índices de sucesso terapêutico foram: grupo I = 57,1%; grupo II = 68,4% e grupo III = 72,4%. Conclusão: Concluiu-se não ter havido diferença estatisticamente significativa entre os percentuais de correção do desvio ocular e o índice de sucesso terapêutico entre os três grupos estudados.Comparison between surgery and unilateral and bilateral injections of botulinum toxin to treat strabismus
I N T R O D U Ç Ã OQuando o tratamento clínico para o estrabismo (óculos, prismas, mióticos, exercícios ortópticos) não está indicado ou falha em promover um adequado alinhamento ocular, há indicação para cirurgia. Embora quase sempre bem sucedida, ela envolve hospitalização, anestesia, cortes, suturas e afastamento temporário da escola ou do trabalho.Na década de 80, Scott introduziu uma forma alternativa de tratamento através da utilização da toxina botulínica (1) . Ele começou a utilizá-la em seres humanos em 1977. Em 1982, ela passou a ser utilizada, ainda de forma experimental, por vários pesquisadores em todo o mundo, sob a sua orientação. E, finalmente, em 1989, a toxina foi liberada pelo FDA (Food and Drug Administration) para o tratamento do blefaroespasmo e do estrabismo.Observando os trabalhos publicados sobre este assunto, constatamos que, no nosso meio, apenas dois autores relataram suas experiências de tratamento do estrabismo com a toxina botulínica: Souza Dias (2) e Almeida Santos (3)(4) . Além disso, não encontramos qualquer trabalho que comparasse os efeitos do tratamento unilateral e bilateral. Essa é uma polêmica antiga e muito bem estudada em inúmeros trabalhos no caso do tratamento