Gift-Giving in Ancient Egypt as an Economic Feature

A economia e as concepções econômicas no Egito faraônico: síntese de alguns debates

“…Analogamente, inexistia um mercado de força de trabalho. (Janssen, 1975) Em 1982, num artigo que teve maior difusão e provocou mais debates teóricos de caráter geral do que o livro de 1975, Janssen expôs em maior detalhe sua forma (derivada da teoria de Polányi) de entender as estruturas do Egito dos faraós. Distinguiu um setor urbano -que concentrava provavelmente o sistema redistributivo em favor de funcionários, sacerdotes, militares, artesãos altamente especializados, etc.…”

“…A economia, nessas condições, é difícil de distinguir da sociedade como um todo (na qual está "incrustada"): ela funciona como um subproduto tanto do parentesco quanto de obrigações políticas e religiosas. (Janssen, 1982) De forma bem menos explícita no tocante à teoria do que naqueles vistos até aqui, outros trabalhos de grande interesse, bem apoiados nas fontes primárias egípcias, surgidos paralelamente àqueles já mencionados -para dar um exemplo, os textos da egiptóloga Bernadette Menu -, iam no mesmo sentido: um sentido que, em linhas gerais, pode ser chamado de substantivista. Isto por advogarem uma visão específica (e institucional) para as estruturas do antigo Egito, em lugar de aceitarem uma projeção sobre a sociedade egípcia de estruturas mais recentes.…”

“…(Silver, 1986: 97-193) Do outro lado, os seguidores de Jacob J. Janssen, que muitos consideram ser o fundador de uma história econômica teorizada do antigo Egito, numa linha derivada de Karl Polányi, enxergam uma economia cuja lógica está incrustada no social, e que não pode, nem deve ser estudada a partir dos conceitos forjados pela ciência econômica nos últimos duzentos e poucos anos. (Janssen, 1982) Cada grupo possui suas idiossincrasias e excessos. Silver tende a generalizar indevidamente dados provenientes de períodos em que, enfraquecido o Estado centralizado e seus sistemas redistributivos, as atividades privadas muito naturalmente passaram ao primeiro plano, e também a considerar que na velha economia egípcia existia uma lógica moderna demais.…”