Gestão estratégica dos relacionamentos na cadeia de suprimentos da alface

Abstract

ResumoDentro da atual conjuntura delineada pelo deslocamento da fronteira tecnológica, notou-se a necessidade de reavaliar as formas organizacionais operantes na cadeia de suprimentos de produtos perecíveis, visando obter maior qualidade no produto através de uma melhor coordenação entre os agentes dessa cadeia. Sendo assim, este artigo se propõe a identificar os desafios a serem superados pelos produtores através do mapeamento dos seus gargalos por meio da análise das transações ao longo da cadeia de suprimentos de alface. A opção por este produto ocorreu em função da alta complexidade de gestão dessa cadeia, cuja produção pulverizada, com grande quantidade de produtores de perfis diferenciados, sofre com a dificuldade na elaboração de ações conjuntas que permitam o aprimoramento da sua gestão. Nesse contexto, as associações de produtores ganham importância e integram o processo estratégico que visa maior coordenação da cadeia. Palavras-chaveCadeia de suprimentos. Gestão. Coordenação. Alface. IntroduçãoPara a teoria econômica tradicional, o comportamento dos agentes econômicos é analisado de maneira individualizada em que os pressupostos inerentes ao conhecimento pleno do mercado são simplificados pela óptica da função produção. Dentro desta estrutura de mercado, as decisões não são prejudicadas pelo número de concorrentes e, tampouco, pelos produtos homogêneos, dado o total acesso a variáveis que controlam o mercado. Entretanto, essa definição de mercado ressalta uma das principais críticas à abordagem, o fato de que nenhum setor econômico pode ser analisado de forma isolada, ou seja, sem considerar como e quais são as relações entre os agentes econômicos (SILVA; BATALHA, 1999).Partindo dessa visão, o conceito de gestão da cadeia de suprimentos atualmente é tratado como ferramenta que permite ligar o mercado, o segmento de distribuição, o processo de produção, para simplificar o complexo processo entre as transações (COOPER; LAMBERT; PAGH, 1997;BOWERSOX;CLOSS, 2001;CHOPRA;MEINDL, 2009). Especialmente a cadeia de produtos perecíveis é alvo de constantes discussões (WILSON, 1996;MANIKAS;TERRY, 2009;FEARNE, 2009;PEREZ;CASTRO;FURNOLS, 2009;CLEMENTS;LAZO;MARTIN, 2008), pois cada vez mais a competição e as estratégias do varejo dependem de parceiros para garantir produtos de acordo com as exigências dos consumidores (WILSON, 1996; MERTON, 1996;HUGHES, 1999;DOLAN;HUMPREY, 2000;HINGLEY, 2001;CLEMENTS;LAZO;MARTIN, 2008).Sendo assim, nesse início de século XXI, cresce entre os produtores o entendimento de que produzir não se limita à simples decisão de plantar e colher, é necessário atender aos desejos dos consumidores que, em geral, são influenciados pelo preço, pela qualidade e pela oferta diversificada de produtos. Assim sendo, e para que possam decidir o quê, como, quando e para quem produzir, os agricultores necessitam de suporte técnico adequado durante as fases de produção, pós-colheita e distribuição para assegurar que o consumidor final perceba o produto como sendo de qualidade (PÉNEAU et al., 2009).

Compromissos Mútuos Nas Transações De Hortícolas Na Serra Fluminense

“…Hence, the odds ratio for this variable does not have statistical significance. The pervasiveness of trust in the coordination of transactions has also been identified in other stages of the Brazilian horticultural agribusiness chain (Carvalho et al, 2014;Faulim & Azevedo, 2003). Figure 1 presents a summary of the results discussed in this paper.…”

“…Faulim and Azevedo (2003) identify the broad use of informal contracts between buyers and horticultural famers in São Carlos (São Paulo). The perishable nature of horticultural products, which leads to investments in specific assets by farmers and a high uncertainty level, also demands the building of trust over time for the stability of commercial relationships (see also Carvalho et al, 2014).…”

“…In the Brazilian market of horticultural products, the typical relationship between family farmers and buyers has been embedded through strong ties that support the diffusion of relatively strict patterns of coordination (Carvalho, Costa, & Souza, 2014). Given the bilateral dependence between farmers and buyers, which is often asymmetric, the relationship is characterized by the building of trust.…”

“…Hybrid forms can take the form of diverse configurations (Ménard, 2018;Martins, Trienekens, & Omta, 2017;Ménard, 2004). In the case of horticultural products, arrangements enable the provision of inputs and technical assistance from buyers -even in the case of middlemen -or a more complex pattern of coordination under the leadership of supermarket chains or processing companies (Bignebat, Koç, & Lemeilleur, 2009;Bonfim, Souza Filho, & Silva, 2003;Carvalho et al, 2014).…”

Capital social como fator-chave para o desenvolvimento da cadeia de suprimentos do limão: o caso da ASLIM

“…Por sua vez, a cadeia de suprimentos promove o compartilhamento de informações, tecnologia e recursos (Avery & Swafford, 2009;Chandasekaran & Raghuram, 2014), o que contribui para a transferência de conhecimento e aprendizado organizacional (Matthews & Marzec, 2012), gerando benefícios compartilhados aos elos da cadeia (Hammervoll, 2011). Todo esse compartilhamento é resultado da confiança, colaboração, comprometimento e parceria entre os integrantes (Carvalho, Costa & Souza, 2014;Hammervol, 2011;Matthews & Marzec, 2012;Yim & Leem, 2013).…”