“…(Amorim, 2009:15) No âmbito do funcionamento cultural, a escrita pode promover relações intersubjetivas sem necessariamente mobilizar o indivíduo, uma vez que atualiza a memória objetiva -aquela registrada nas línguas, nos gêneros do discurso, nos rituais, enfim, na cultura -e não somente a subjetiva -aquela que atravessa os responsáveis pela transmissão do saber (Bakhtin, 2002;Amorim, 2009). No caso dos documentos que perduram por séculos, a interação que medeiam envolve um jogo de memórias: a subjetiva, que atualiza o repertório dos implicados no enunciado, e a memória objetiva, encorpada pelos múltiplos estratos semânticos estabelecidos a partir da potencialidade documental (Magalhães, 2011). As escritas do Brasil, portanto, guardam fragmentos da memória objetiva cultural e, por isso, instigam, desafiam, coadunam-se, alteram a memória dos sujeitos que se lançam em diálogo a partir dos arquivos.…”