Frantz Fanon e a Psicologia: Contribuições para a Prática Clínica

Abstract

Frantz Fanon, médico e psiquiatra antilhano, foi um pensador de grande destaque para as análises do colonialismo, contribuindo ativamente com a psicanálise, psicologia, filosofia, sociologia e ciências políticas. Seus trabalhos são importantes para compreender como as dinâmicas do colonialismo foram e são fatores determinantes para as sociedades, tanto colonizadas quanto colonizadoras, bem como para a constituição subjetiva dos indivíduos. Este trabalho busca depreender como as produções teóricas de Frantz Fanon podem colaborar para com a psicologia clínica em contexto brasileiro. Assim, o presente trabalho se estrutura a partir dos estudos fanonianos sobre a relação entre racismo, colonialismo e capitalismo, que fundamentam o pensamento do teórico. Considerando que a psicologia no Brasil invisibiliza os estudos sobre colonialidade e raça e contribui ativamente com o racismo, este trabalho tem como objetivo traçar apontamentos para a construção de um projeto clínico psicológico decolonial, a partir do diálogo entre a obra de Frantz Fanon e teóricos contemporâneos, sobretudo brasileiros.

Congresso Internacional Ciência e Sociedade: desenvolvimento humano e social - das ideias às práticas - trabalhos premiados 2023

“…Assim, como os autores deste artigo confirmamos que sim. Lanza (2021) faz um resgate teórico das produções de Frantz Fanon e articula com a psicologia clínica no Brasil. Segundo o autor, a psicologia brasileira está ainda distante de compreender os impactos do racismo na subjetividade e saúde mental de pessoas negras(os), o que se relaciona a ausência do debate crítico sobre as teorias coloniais e ocasiona em profissionais inaptos para ofertar serviços clínicos de qualidade e que ainda estão envoltos discursiva-praticamente no mito negro que desumaniza o povo negro.…”

O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL PARA A POPULAÇÃO NEGRA: implicações para a Psicologia clínica

“…Por uma escuta psicológica antirracista: "A clínica deve buscar atuar conjuntamente no individual e no social" Após os diálogos acima, faz-se imprescindível questionar a possibilidade de uma nova Psicologia e as formas de atuação antirracista na clínica. Isto posto, foram selecionados os seguintes autores: Lanza (2021), Rosa e Alves (2020), Tavares e Kuratani (2019) e Schucman e Gonçalves (2020).…”

“…E assim como Lanza (2021), Rosa e Alves (2020), acreditam que cabe à(ao) terapeuta assumir compromisso ético-político antirracista ao manter diálogo crítico com o contexto social em que está inserida(o). Além disso, Tavares e Kuratani (2019) afirmam que cabe à(ao) psicoterapeuta estar disponível para acolher os sentimentos de raiva e ressentimento, além de uma visão de mundo em que há a dor da opressão pelo racismo.…”

A relação entre o psicólogo negro e o cliente branco: em um país racista

“…De acordo com Lanza (2021) em aproximação ao pensamento de teóricos como Frantz Fanon (1983) e Clóvis Moura (2019), a psicologia ainda se debruça sob um arcabouço conceitual branco, de pensamento científico norte americano e europeu, representantes oficiais de um capitalismo global, onde os teóricos latinoamericanos não têm a mesma representação de valor.…”