A resistência antimicrobiana constitui uma problemática dos serviços de saúde, principalmente no cenário das Unidades de Terapia Intensiva (UTI), onde, além dos pacientes apresentarem maior grau de invasão em termos de cuidado médico, tais como acessos venosos centrais, tubos endotraqueais e sondas nasoentéricas, também dependem do manejo direto pela equipe para atividades básicas de vida como, por exemplo, banho e dieta assistida. Toda manipulação do paciente com a finalidade diagnóstica e terapêutica, pode implicar em maior risco de adquirir Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) durante o período de internação. As medidas preventivas são norteadas pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) que analisa a incidência e a prevalência destas infecções por topografia, além de realizar levantamento dos micro-organismos multidroga resistentes (MDR) dentro destas unidades de assistência. Com o cenário da pandemia pela COVID-19, houve a extensão dos leitos de terapia intensiva, agravamento das IRAS, e um aumento considerável da ocorrência de microorganismos multidroga resistentes (MDR), especialmente as bactérias gram-negativas, tais como Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter baumannii. O objetivo deste estudo é avaliar o impacto da pandemia pela COVID-19 na incidência das IRAS e a mudança do perfil de resistência antimicrobiano de duas bactérias de importância epidemiológica (Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter baumannii ) em uma UTI geral que, posteriormente foi destinada à pacientes com COVID-19. Este é um estudo tipo coorte, retrospectivo, que será desenvolvido em uma Unidade de Terapia Intensiva Adulto do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP), Unidade Campus.Para avaliação proposta, o estudo foi divido em período Pré-pandêmico (01 de Setembro de 2018 à 28 de Fevereiro de 2020) e período Pandêmico (01 de Março de 2020 à 31 de Agosto de 2021), com inclusão dos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva. Para estudo da prevalência de Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter baumannii, e seus respectivos perfis de resistência antimicrobiana, foram utilizadas culturas coletadas a partir dos pacientes internados. Paralelamente, para avaliação da Densidade de Incidência das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde, foram extraídos dados das planilhas da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), referentes a cada período. A análise estatística foi composta por análise comparativa entrevariáveis qualitativas e quantitativas, através dos testes de Qui-quadrado de independência e teste U de Mann-Whitney, respectivamente. Entre as infecções, viu-se aumento na Densidade de Incidência apenas da Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (0.0 para 5.69 pneumonias/1.000 ventilações-dia). Em relação as bactérias de interesse, houve aumento da prevalência, tanto de Klebsiella pneumoniae (8.2% para 21.9% culturas positivas/total de pacientes), quanto para Acinetobacter baumannii (7.5% para 21.7% culturas positivas/total de pacientes), em conjunto ...