Prezado Editor:Venho por meio desta, parabenizar a Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical pela publicação da edição vol. 42, n. 2 de 2009 que trouxe uma gama de estudos sobre as principais doenças tropicais negligenciadas, apresentando relevante contribuição para o entendimento dos fenômenos biológicos e clínicos envolvidos nas infecções causadas pelos agentes etiológicos da esquistossomose, leishmaniose, malária e doença de Chagas. Sem dúvidas, sob o ponto de vista da produção científica esta edição mantém a indiscutível contribuição da Revista à divulgação de resultados relativos às "doenças tropicais negligenciadas", enfermidades prevalentes nas regiões tropicais, sobretudo, em países pobres, que proporcionam altos índices de morbi-mortalidade e gerar impactos sociais e econômicos negativos que afetam drasticamente a qualidade de vida das pessoas.Conforme discutido recentemente por Hotez et al 5 , a esquistossomose, as leishmanioses e a doença de Chagas fazem parte do conjunto de doenças tropicais parasíticas mais negligenciadas. Enquanto cerca de 779 milhões de pessoas estão sob o risco de contrair a esquistossomose 9 , valores em torno de 350 e 25 milhões são estimados para o número de indivíduos sujeitos a contrair alguma das variantes das leishmanioses 3 e a doença de Chagas 10 , respectivamente.Sobre a esquistossomose, destaca-se o trabalho de Lambertucci et al 6 , que ao apresentar imagens relacionadas à trombose da veia porta de um paciente com diagnóstico de esquistossomose mansônica hepatoesplênica, acabou por representar uma grande contribuição para a prática cirúrgica médica.Quanto às leishmanioses, que de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) 11 , ocorrem em 88 países, sendo 72 destes, países em desenvolvimento, puderam-se observar importantes estudos no campo do conhecimento da sorologia em cães e gatos, da transmissão e da biologia dos vetores da leishmaniose tegumentar americana (LTA), que certamente oferecem informações altamente pertinentes para o planejamento do controle da referida doença.Com relação à malária, doença considerada a primeira causa de morte de crianças menores de 5 anos na África, e que mata uma criança a cada 30 segundos no mundo 4 , o estudo de Muniz-Junqueira et al 7 , ao apresentar uma avaliação microscópica dos estágios da fagocitose in vitro de eritrócitos infectados por Plasmodium falciparum, mostrou importantes dados relacionados aos aspectos celulares envolvidos no controle da infecção, os quais podem subsidiar estudos posteriores in vivo.Já sobre a doença de Chagas, considerada uma das doenças mais negligenciadas, destacam-se os estudos de Borges et al 2 , Scapellato et al 8 e Almeida et al 1 . Suas contribuições referemse ao melhor entendimento sobre o papel do óxido nítrico (NO) no controle do parasitismo pelas cepas Y e Colombiana do Trypanosoma cruzi durante a fase aguda na doença de Chagas experimental 2 ; à constatação de que a co-infecção Trypanosoma cruzi e vírus HIV" pode aumentar significativamente o risco de transmissão vertical da...