Esta pesquisa focaliza a discussão acerca da relevância do ensino de História da América nas escolas secundárias brasileiras, ideia que foi implementada na década de 1950. As motivações políticas, culturais e educacionais são abordadas a partir de referenciais da história das disciplinas escolares, de categorias de análise da construção social do currículo e de produções acadêmicas relativas aos livros didáticos. Nesse sentido, este trabalho situa-se na fronteira entre a história da educação e a história cultural, dialogando com aportes teórico-metodológicos dos referidos campos. A investigação procurou compreender um conjunto de debates nacionais e internacionais, mais evidentes na década de 1940, sobre pan-americanismo, identidade nacional, promoção da paz e entendimento entre os povos, estendendo-se aos anos 1950, às disputas por hegemonia curricular e das concepções de ensino de História, e ainda, a revisão de conteúdo nocivo e a produção de livros didáticos. O contexto nacional contempla a transição e as particularidades do governo democrático após o fim do regime autoritário varguista, além da atuação das instituições e órgãos de controle e promoção do ensino. Pesquisamos o processo histórico que acabou por efetivar o ensino de História da América no ensino secundário brasileiro, sob as motivações e contraposições de políticos, diplomatas, intelectuais, educadores, historiadores e autores de livros didáticos. Identificar e apreender as singularidades desse contexto educacional objetiva oferecer maior compreensão histórica do ensino de História no país, bem como, possíveis contribuições para outros estudos afins.