Fazendo corpos: reflexões sobre morte e canibalismo entre os Wari' à luz do perspectivismo

Vilaça, Aparecida

doi:10.1590/s0034-77011998000100002

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“…As descrições das ações e o comportamento de Erovocá não se aproximam da descrição do ritual endocanibal realizado pelos Guayaki de Clastres (1986), nem no cerimonial antropofágico relatado por Ruiz de Montoya (1985), tampouco no cerimonial do endocanibalismo dos Wari' da Amazônia (VILAÇA, 1998). Se Erovocá realmente existiu, se os apiçayré desempenharam o papel de 'demônios locais' e com isso podem ter realmente ameaçado as reduções, os autores que a eles fizeram referência queriam demonstrar, antes de tudo, que essa ameaça era muito pior que os bandeirantes que vinham de fora, ou dos surtos epidêmicos que brotavam de dentro.…”

Section: Será Na Categoria Dos Apiçairéunclassified

Lições de Erovocá: estratégicas narrativas do ‘eu’ a partir do ‘outro’

Santos

2016

Estud. Ibero-Am. (Online)

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Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que a publicação original seja corretamente citada. Abstract:The decade of 1630 was characterized by a turbulent context in the Jesuits reductions on the River Plate. During this period there was the arrest of Erovocá, a native who was characterized in his documents as "cannibal", who arrived at the reduction of Santa Ana, at the Tape, in 1636. The record, by Joseph Oregio, seems to have been produced while the arrest and questioning of the accused were being carried out, and is impressive due to the violence of the facts narrated. The objective of this essay is to show the potentialities and precautions of the ethno-historical analysis of the documental records which, supported by a more accurate reading of the contributions of contemporary anthropology, intends to comprehend the strategies used in a narrative that uses the 'other' to evidence the efficacy of the presence of the 'self'.

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Section: Será Na Categoria Dos Apiçairéunclassified

Lições de Erovocá: estratégicas narrativas do ‘eu’ a partir do ‘outro’

Santos

2016

Estud. Ibero-Am. (Online)

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“…The anthropophagic hunter may self-identify as a jaguar (Vilaça 2005;Viveiros de Castro, 1992), as dehumanized but not victim, and other depictions have noted that the human-jaguar distinction is often breached during anthropophagy (Vilaça, 1998). In Vilaça's (1998) analysis, the act of devoration symbolically aligns the anthropophage with a predatory identity, rather than that of prey. The ability to position the dehumanized as predator offers an insight into how a culture may absorb or devour an alien culture without thereby slipping into the role of subaltern or inferior.…”

Section: Moment One: Indigenous Anthropophagymentioning

confidence: 99%

“…As the work among native groups (e.g. Vilaça, 1998) shows, there was nothing particularly European or colonial about this ritual, but the colonial encounter became interpreted using native cosmologies. That the anthropophagic relation was transferred to European colonists by the Tupi may have been an accident of history, of mixed economic 'cosmologies', to use Sahlins (1994) term.…”

Section: Moment One: Indigenous Anthropophagymentioning

confidence: 99%

Can the subaltern eat? Anthropophagic culture as a Brazilian lens on post-colonial theory

Islam

2011

Organization

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I propose the concept of anthropophagy as a metaphor for understanding Brazilian organizational knowledge, contributing to post-colonial thought, and better understanding issues of cultural mix and hybridity essential to contemporary social theory. After describing the diverse meanings of anthropophagy, I outline three important moments in Brazilian history where the concept has been central to understanding intercultural mixture. First, anthropophagy was an important component of indigenous reactions to intercultural contact, providing a ritual mechanism by which to negotiate identity. This identity crafting mechanism became revived in the 20th century modernist and tropicalist periods, where it took on symbolic functions in positioning modern Brazilian identity with respect to both European and indigenous roots. More recently, anthropophagy has entered the organizational literature, providing novel ways to make sense of key concepts in the discipline. I discuss three central issues around which anthropophagy contributes to contemporary theory, those of otherness, authenticity, and corporality. Keywords anthropophagic movement, Brazil, international management, latin america, organizational anthropology, organizational culture, post-colonial theory, subaltern studiesThe origin of cannibalism is the origin of culture. (Sahlins 1983: 72) Anthropophagy, or the cannibalistic appropriation of cultural forms, 1 has been described as 'the most potent and durable metaphor is modern Brazilian culture' (Dunn, 2010). Resurging at key moments in Brazilian history, this metaphor has served to make sense of the hybridity, corporality,

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“…7 A mesma distância moral entre diferentes performances da ingestão canibalcircunspecta ou prazerosa -aparece nas descrições do canibalismo funerário wari, dentro de um mesmo ritual (Vilaça 1998). A existência de um canibalismo asteca "popular" é no mínimo dúbia.…”

Section: Interpretações Redes Comparaçõesunclassified

O canibalismo asteca: releitura e desdobramentos

Sáez

2009

Mana

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PolêmicasOs astecas 1 abriram, nos idos de 1977, o debate sobre o canibalismo na antropologia contemporânea. Foi nesse ano que Michael Harner publicou um artigo que interpretava a máquina de guerra do México-Tenochtitlan e o canibalismo em grande escala, que estaria associado a ela, como um recurso para compensar a falta de proteína que afligia a densa população do império mexica, desprovido de caça ou gado de grande porte. As adesões à tese de Harner e as posteriores refutações a ela (cf. Harris 1977;Ortiz de Montellano 1978;Sahlins 1978 Sahlins , 1979 avolumaram uma controvérsia cujas sequelas duram até os dias de hoje. Mas os astecas saíram logo dessa disputa que tinham originado, e apenas foram citados após os primeiros embates. Inspiraram poucas páginas dos desconstrutores do canibalismo e nenhuma dos etnólogos que, especialmente a partir do caso Tupi, proporcionaram um pouco depois um notável desenvolvimento à velha matéria antropofágica, em especial no Brasil -ausência lamentável em um e outro caso, porque os dados mexicanos poderiam ter para ambos um valor crítico.À distância de mais de trinta anos, a tese de Harner parece demasiado afoita. Já em pleno século XVI, Francisco Hernández, protomédico de Felipe II (Hernández 2000:115), admirava-se com a fartura dos mercados do México e, concretamente, com a sua variada oferta de carnes nativas. Nas mesmas páginas dos cronistas e dos missionários em que Harner encontrou seus argumentos, encontram-se os contra-argumentos que ele desconsiderou, pois nelas abundam as referências aos cadáveres que se decompunham no campo de batalha e ao desperdício das proteínas obtidas em muitos dos rituais sacrificiais, cujas vítimas eram destruídas sem consumo.Além destes e de outros dados utilitaristas contra a tese utilitarista (resumidos em Petrinovich 2000:93-101), havia sobretudo a infinita complicação dos rituais sacrificiais e da maquinaria bélica que os alimentava, que

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Fazendo corpos: reflexões sobre morte e canibalismo entre os Wari' à luz do perspectivismo

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Lições de Erovocá: estratégicas narrativas do ‘eu’ a partir do ‘outro’

Lições de Erovocá: estratégicas narrativas do ‘eu’ a partir do ‘outro’

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O canibalismo asteca: releitura e desdobramentos

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