Fatores de risco e prevenção do suicídio na Atenção Primária à Saúde em tempos de pandemia por COVID-19

Abstract

Introdução: O suicídio constitui-se em uma das principais causas de morte evitáveis. A pandemia da COVID-19 pode contribuir para reforçar os fatores de risco e a ideação suicida em razão da diminuição da capacidade de enfrentamento emocional ante a crise sanitária mundial. Ao mesmo tempo, os serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) foram demandados a construir uma resposta rápida a questões relacionadas à saúde mental. Objetivo: Refletir sobre os fatores de risco e as possíveis intervenções para a prevenção do suicídio na atenção primária no contexto da pandemia da COVID-19. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa pautada na construção de uma análise crítica da literatura internacional sobre os fatores de risco e a prevenção do suicídio na APS durante a pandemia do novo coronavírus. Esta revisão foi construída por meio do levantamento de evidências na literatura internacional, feito pelo acesso às bases de dados científicas Web of Science, Science Direct e Scopus usando os descritores suicide AND prevention AND COVID-19 AND Primary Health Care. Foram incluídos artigos científicos disponibilizados entre dezembro de 2019 e setembro de 2020 e publicados em português, inglês e espanhol. Resultados: O corpus de análise foi composto de 15 artigos, com predominância da descrição de fatores de risco, da implementação e das adaptações de estratégias de intervenções específicas mediadas por recursos de tecnologia da informação e comunicação para oferecer cuidados de saúde mental. Conclusões: Os cuidados colaborativos pautados pelos atributos essenciais da APS destacaram-se como estratégias prioritárias para ofertar cuidados contínuos e longitudinais no contexto da pandemia.

Comportamento suicida durante a pandemia de Covid-19: uma revisão narrativa de revisões

“…A busca primária nas bases de dados resultou em 6. Do ponto de vista do método utilizado para tratar da temática, observou-se uma miscelânea de abordagens descritivas do tema, a saber: seis revisões sistemáticas (20)(21)(22)(23)(24)(25), cinco revisões sistemáticas com metanálise (26)(27)(28)(29)(30), duas revisões de narrativa (31,32), uma revisão de escopo (33) e uma revisão integrativa (34).…”

“…Para a prevenção do suicídio na era COVID-19, é necessário lançar um olhar aos fatores de risco pré-pandêmicos resultantes da interação entre fatores predisponentes e precipitantes, e não apenas aos fatores de risco de suicídio específicos da pandemia (por exemplo, aumento do isolamento social, perdas pessoais e econômicas) (34).…”

“…Embora qualquer um desses fatores possa estar envolvido, a sua associação relativa com o risco de suicídio varia muito entre os indivíduos e pode ser mediada por uma variedade de outros fatores, levando à heterogeneidade etiológica do comportamento suicida (34). Apesar de o sofrimento de um transtorno mental ser um fator de risco para o comportamento suicida por si só (33), o advento da pandemia de COVID-19 pode ter agravado essa relação.…”

“…No âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), durante a pandemia de COVID-19, foram tomadas em conta a Declaração de Alma-Ata (35) e os atributos essenciais (acesso, longitudinalidade, coordenação do cuidado e integralidade) e derivados (abordagem familiar, competência cultural e abordagem comunitária) (36). Na APS, uma cadeia de cuidados contínuos por meio do monitoramento dos padrões de registro de diagnósticos de doenças mentais e episódios de automutilação tem se mostrado eficaz na prevenção do comportamento suicida (34). Uma equipe multidisciplinar é indispensável para o fornecimento de intervenções direcionadas à saúde mental pública de indivíduos ou grupos de usuários prioritários, para reduzir o impacto da COVID-19.…”

“…Uma das escalas preconizadas para a avaliação do suicídio foram as Diretrizes Práticas da American Psychiatric Association, que recomendam: um inquérito sobre ideação, plano e intenção suicida; análise da história de ideação suicida anterior, plano e tentativas anteriores; história de autolesão não suicida; avaliação do humor atual; sintomas de ansiedade, sensação de desesperança, presença de impulsividade; história de hospitalização psiquiátrica e visitas ao departamento de emergência para queixas psiquiátricas; história de transtorno por uso de substância ou mudança no uso de substâncias; e triagem de outros aspectos estressores (34).…”