Fake news, WhatsApp e a vacinação contra febre amarela no Brasil

Abstract

Este artigo tem como objetivo principal, a partir de uma perspectiva etnográfica, analisar como determinados usuários do Sistema Único de Saúde consomem e fazem circular informações sobre vacinação, e se confiam ou não nelas. Realizamos diversas entrevistas com pessoas à espera de se vacinar contra a febre amarela no final de 2017. Por meio das entrevistas numa situação tão particular, observamos algumas mudanças sensíveis no regime de verdade contemporâneo. Concluímos que as redes de comunicação on-line se hibridizam com outros processos de socialização existentes, especialmente com as crenças religiosas, o que nos fez entender que a confiança nas informações circulantes é mais da ordem da convicção do que da persuasão.

Crises dentro da crise: respostas, incertezas e desencontros no combate à pandemia da Covid-19 no Brasil

“…Dessa forma, ganham relevo as comunicações instantâneas, que circulam de maneira rápida pelas mídias sociais (em especial pelo Whatsapp) e que têm, entre suas principais particularidades, a ausência de verificação dos fatos que anunciam. Por isso, é possível afirmar que "as redes sociais on-line contribuíram para conferir novas materialidades e visibilidades ao "'se ouviu por aí'", ao "'se ouviu dizer'", ao "'dizem por aí'" (Sacramento;Paiva, 2020, p.82). Grupos de família, de amigos, de membros de uma igreja ou de qualquer outro grupo do qual as pessoas façam parte -ou com o qual se identifiquem -consolidam-se, dessa maneira, como fontes de informações praticamente inquestionáveis e fidedignas, ainda que caminhando em direção oposta aos discursos da ciência.…”

A Importância Do Conhecimento Sobre as Vacinas E a Relação Estabelecida Com a Cobertura Vacinal E a Comunicação Em Saúde

“…A disseminação de notícias falsas nas mídias sociais parece contribuir com a não confiabilidade relatada 10,17 . Antigamente, os indivíduos se informavam através de veículos de comunicação de massa, como televisão e rádio, os quais foram relatados nesse estudo como principais fontes de informação por 112 participantes.…”

Estudos Sobre Medicamentos Para Covid-19: Paradigma Do Acesso À Informação E Da Automedicação

“…Com a opinião pessoal ganhando força, tendo como base as suas crenças e emoções, eleva-se a importância da sociabilidade nas comunidades virtuais devido à compatibilidade com seus princípios. Devido às redes sociais serem deficiente em checagem dos fatos, há facilidade em encontrar informações sensacionalistas capazes de capturar a atenção do leitor/interlocutor, no qual ao ver relevância na desinformação, realiza o compartilhamento para familiares e conhecidos, onde ao acatarem, consolidam-se como fonte confiável, mesmo que a informação seja em direção contrária à ciência (74) .…”