Objetivo: Objetivo do artigo é apresentar os princípios básicos da antibioticoterapia intravítrea. Relatar os primeiros estudos relacionados à penetração intra-ocular dos antibióticos e o conceito das barreiras hematooculares. Ressaltar os achados associados à toxicidade retiniana e eficácia da injeção intravítrea dos antibióticos. Apresentar a antibioticoterapia intravítrea como uma opção segura e eficaz no tratamento das infecções intra-oculares.Os princípios básicos do tratamento da endoftalmite consistem na introdução intensiva de antibióticos no intuito de combater o agente infeccioso e no uso de antiinflamatórios para limitar o dano causado pela inflamação.Existem controvérsias relacionadas à melhor via de administração dos antibióticos. Diversos estudos experimentais e em seres humanos demonstraram que o uso tópico, subconjuntival e sistêmico de antibióticos não atingem concentrações intravítreas suficientes para tratar a maioria das infecções intra-oculares (1)(2)(3)(4) . Embora essas terapias forneçam níveis adequados de antibióticos para inibir o crescimento de organismos no humor aquoso, está demonstrado que o local preferencial de alojamento dos agentes infectantes é a cavidade vítrea, em vez da câmara anterior (5) . Logo, exceto nos casos de endoftalmites leves causadas por germes de baixa virulência, as vias convencionais de administração de antibióticos devem ser usadas como terapia adjunta às injeções intravítreas, pelo fato de não fornecerem concentrações adequadas das drogas necessárias para eliminar a maioria dos agentes infecciosos.O interesse pela toxicidade intravítrea de diversos antibióticos frente às terapias convencionais no tratamento das infecções intra-oculares pode ser justificado. Antes do advento dos antibióticos intravítreos, os resultados do tratamento da endoftalmite eram limitados. Diversos fatores foram atribuídos ao fracasso da terapia: extrema sensibilidade das estruturas oculares à inflamação, resistência dos organismos aos antibióticos usados, mecanismos frágeis de defesa do hospedeiro e baixa penetração dos antibióticos nos tecidos oculares (6)(7) . Os mesmos autores atribuem este último fator como o mais importante, afirmando que a natureza refratária da infecção ocular seria atribuída aos baixos e inconsistentes níveis de antibióticos no vítreo após o uso sistêmico ou tópico. Apesar das concentrações satisfatórias alcançadas no humor aquoso após a administração subconjuntival, a penetração da maioria dos antibióticos no segmento posterior é baixa, com exceção de algumas substâncias, como por exemplo, as do grupo das quinolonas (8) .