Experiências e Vivências de Escolarização de Alunos com Deficiência Intelectual

Abstract

RESUMO: Em que pese a vasta produção científica e a disseminação das políticas de educação inclusiva, menos atenção tem sido dada à visão dos próprios sujeitos sobre suas experiências de escolarização. Este artigo apresenta um recorte de uma pesquisa que analisou o cotidiano de 30 jovens e adultos com deficiência intelectual, tendo como foco suas vivências escolares. Os dados foram produzidos, em entrevistas abertas, sem roteiro pré-determinado, com base na metodologia de História de Vida. Em consonância com estudos de campo anteriores, os relatos mostraram que alunos com deficiência intelectual, de modo geral, não estão tendo experiências escolares adequadas que, de fato, garantam seu desenvolvimento, participação, aprendizagem e inclusão social. A análise das suas falas, sobretudo dos que frequentaram o ensino comum, aponta, com poucas exceções, um percurso de dificuldades e fracasso escolar, levando, em alguns casos, ao retorno à instituição especializada. A realidade retratada faz questionar a coerência entre as políticas e as propostas educacionais e a sua materialização no espaço e no cotidiano escolar. A concepção do processo de ensino e aprendizado, a composição curricular e as práticas pedagógicas predominantes, assim como as representações sociais docentes sobre esse público, ainda são impregnadas pela cultura meritocrática e classificatória, incompatível com uma educação para diversidade. Ressalta-se que a escuta e o feedback desses estudantes, alvos das políticas e dos programas, deve ser o ponto de partida para o desenvolvimento de procedimentos e de estratégias pedagógicas que estejam, de fato, em consonância com a perspectiva de inclusão escolar.

A Deficiência Intelectual Ou Múltipla E O Ensino Inclusivo Na Formação Profissional

“…Nesse sentido, foi possível identificar que essa realidade está presente na educação básica, conforme retratam vários estudos (ROCHA; PLETSCH, 2015; PLETSCH; SOUZA; ORLEANS, 2017;REDIG, 2019;ROCHA, 2020;ESTEF, 2021), e causa impacto nos níveis subsequentes de ensino, como é o caso da Educação Profissional e Tecnológica.…”

Obstáculos Na Profissionalização De Pessoas Com Deficiência Intelectual: Uma Revisão Integrativa Da Literatura

“…Nesse contexto, à medida em que estudantes com DI não se adequam à dinâmica e às práticas pedagógicas da escola regular, que por sua vez não adapta ou flexibiliza currículos para atender suas necessidades educativas específicas, são encaminhados para instituições especializadas (GLAT, 2009;GLAT, ESTEF 2021;RICHLER, 2017).…”

“…Permanecem instituídos indefinidamente, sem perspectiva de futuro, apenas para ocupação do tempo livre, tanto para não adoecerem em suas casas, isolados do convívio social, como para não ficarem perambulando pelas ruas da cidade, na idade adulta, sem nenhuma perspectiva de futuro (GLAT, ESTEF, 2021;IACONO, 2016;RODRIGUES, PASSERINO, 2018).…”

A reverberação das dificuldades interacionais do aluno com autismo no contexto escolar

“…Ao colocar uma criança ou adolescente público-alvo da educação especial no ambiente escolar, uma jornada de muitos desafios se inicia. Apesar de as políticas de inclusão vigentes e de os alunos com autismo fazerem parte desse público-alvo, tendo também o direito de estar inseridos nas escolas regulares de ensino, as quais devem fomentar as questões de aprendizagem, de desenvolvimento e a sua inclusão social, a realidade vista nesses espaços faz questionar a materialização dessas garantias no cotidiano (Glat & Estef, 2021).…”