Experiências e narrativas de psiquiatras trabalhadores de serviços públicos de saúde mental sobre a prática de cuidado da esquizofrenia

Abstract

Aos usuários e psiquiatras participantes desta pesquisa que lidam no cotidiano com os desafios do sofrimento mental, por generosamente compartilharem suas experiências.Ao grupo de pesquisa Interfaces -a todos que por lá passaram, aos que agora estão e a todos que ainda irão chegar -por manterem este espaço polifônico, lugar de reflexão, produção de conhecimentos, encontros e amizades.À Rosana, entre o muito que tenho a agradecer, especialmente pela inspiração que seu vigor, bravura e estado de ânimo me provocaram. Pela oportunidade de aprender com seu exemplo.À Ana Luiza, pelo acolhimento quando cheguei ao grupo, por me ensinar os ofícios de apoio técnico, por todas as trocas ao longo das pesquisas e dos caminhos da vida. Por ter me inspirado ao ver sua barriga crescer. Por ter se tornado uma amiga querida.Ao Tato, pela amizade e parceria, por nossas idas ao CAPS, as conversas, cada piada e cada reclamação.À Thaís, pela parceria nos dois anos de mestrado, pela paciência em ouvir minhas dúvidas e intermináveis lamentações, pela insistência em me levar para o bar, por seus ideais quixotescos -que aprendi a respeitar e admirar. À Catarina, pela dedicação árdua e comprometida com a pesquisa, pelo apoio e camaradagem.Ao Bruno, pela parceria no trabalho de campo, pela disponibilidade e bom-humor de sempre.À Ivana, pelo carinho que sempre teve comigo e pelas vezes em que juntas erramos o caminho... À Laura, por que nossas barrigas trataram de nos aproximar e com quem tive o privilégio de compartilhar as inseguranças e delícias de, ao mesmo tempo, escrever e gestar.Aos professores, funcionários e colegas de pós-graduação da FCM, pela generosidade. À Erotildes, por acompanhar meu percurso e pelo que produzimos juntas.Ao professor Octavio Serpa, pela oportunidade de aprendizado, pela forma tranqüila, respeitosa e contundente com que nos guiou ao longo desses dois anos de pesquisa. Pelo interesse que sempre demonstrou por meu trabalho e pelas contribuições na qualificação.viii Ao professor Everardo Nunes, por ter aceito o convite para minha banca de qualificação e pela forma delicada e perspicaz com que trouxe questões essenciais à nossa pesquisa.À Núria e ao professor Cláudio Banzato, pela leitura cuidadosa de meu trabalho, pelas valiosas críticas e contribuições.Aos meus pais, por estarem sempre por perto.Ao Daniel, por cada sorriso que me faz lembrar que fundamental pra mim será sempre o nosso amor. E também pela ajuda com as planilhas e power-point... Ao Murilinho, por todas as vezes que me tirou do computador e me chamou pra brincar.À Luiza, que ainda nem veio ao mundo, já tratou de transformar meu corpo, meu querer, meus sonhos... e se impôs com tanta grandeza que fez tudo o mais parecer detalhe.

Experiência, narrativa e intersubjetividade

“…Considerando esta concepção de esquizofrenia, a partir da abordagem da psicopatologia fenomenológica, e tendo como pressuposto a ideia de que a construção sociocultural da esquizofrenia como doença necessariamente crônica, degenerativa e incapacitante, ao que Na dissertação de mestrado "Experiências e narrativas de psiquiatras trabalhadores de serviços públicos de saúde mental sobre a prática de cuidado de esquizofrenia", trabalho também vinculado ao Projeto Experiência, Lopes 168 nos apresenta em sua revisão bibliográfica duas concepções distintas acerca da noção de recovery. A primeira é ligada a uma visão mais tradicional e conservadora de recovery, característica do modelo biomédico, já a segunda filiase à tradição da reabilitação psicossocial, aproximando-se mais da experiência subjetiva e das estratégias pessoais para compreender e lidar com a experiência de adoecimento.…”

“…questiona o entendimento da esquizofrenia dominante no meio psiquiátrico, o processo de recovery não é entendido como um fim, um ideal, um produto estático, nem como sinônimo de cura e de retorno a um estado pré-mórbido, a partir da restauração de um padrão de funcionamento normal, como muitas vezes pode significar o termo reabilitação psicossocial.Conforme já sinalizado por Pitta 22 e Lopes168 . Aqui o conceito de recovery é compreendido como um processo complexo, dinâmico, não-linear, único e pessoal, que corre no fluxo da experiência humana8,[104][105][106] .…”

“…Assim como a reabilitação psicossocial, a noção de recovery se tornou uma categoria organizadora de um campo de práticas e saberes e experiências, sejam elas leigas ou médicocientíficas, constituindo-se também como uma abordagem teórico-metodológica ou um modelo de conhecimento e intervenção que pode aproximar-se mais ou menos da perspectiva de quem vive o adoecimento.Conforme vimos, a noção de recovery pode significar, em um só tempo, uma categoria que informa e organiza o campo de práticas e saberes; os serviços e sistemas de saúde; as políticas públicas de saúde; o ensino e a pesquisa; bem como pode ser compreendida como um aspecto ou dimensão intrínseca a experiência do adoecimento mental. Embora falte consenso a respeito da ideia de recovery, que ainda nos parece imprecisa, ou talvez não seja o termo mais adequado para significar a retomada do instável equilíbrio inerente à condição esquizofrenia, no presente estudo iremos incorporar a ideia de recovery como uma dimensão do adoecimento.Nesse sentido, conforme já nos alertou Lopes168 , atentamos ao fato de que a bússola que vai nos orientar para adotar determinada perspectiva de recovery, seja ela "tradicional" ou não, é menos o fato de esta noção designar a ideia da remissão sintomática, por exemplo, e mais a proximidade que a visão (perspectival) que a pessoa que vivencia o sobre o processo de recovery tem.as esferas da disease, da illness e do recovery. Por esta característica, este "modelo" de conhecimento e intervenção vem sendo considerado como uma abordagem integrativa, holística, centrada na pessoa e na experiência, passando também a informar, ao lado de outras abordagens, os sistemas explicativos, classificatórios e terapêuticos em saúde mental.Para finalizar esta parte de nossa empreitada, gostaríamos de ressaltar que a palavra recovery pode ser traduzida de diferentes formas do idioma inglês para o português.…”