Expedições geográficas e formação territorial no Espírito Santo (c. 1943)

Abstract

No seu livro A Geografia-isso serve, antes de mais nada, para fazer a guerra, cujo título é tão citado quanto desconhecido o conteúdo do que nomina, Yves Lacoste formula uma crítica contundente ao estado da arte da geografia acadêmica no início dos anos de 1970. Para o geógrafo francês, haveria, na construção e na prática dos saberes geográficos engendrados até aquele momento, uma oposição entre a "geografia dos Estados-Maiores" e a "geografia dos professores". A primeira, de origem muito antiga e de caráter eminentemente estratégico, teria sido historicamente apropriada pelas minorias dirigentes e utilizada como instrumento de poder, servindo indistintamente aos projetos de poder de militares, estadistas e, no final do século XX, ao comando de grandes corporações internacionais. Já a segunda, surgida somente no último quartel do século XIX, teria como uma de suas funções "mascarar a importância estratégica dos raciocínios centrados no espaço" (Lacoste, 1988: 31), dissimulando a eficácia das análises espaciais como forma de exercício do poder e as transformando em um saber monopolizado que "é bem mais eficaz porque a maioria não dá nenhuma atenção a uma disciplina que lhe parece tão inútil" (Lacoste, 1988: 31). Nos estudos de história da geografia produzidos no Brasil, Antônio Carlos Robert Moraes, em seu livro Geografia, pequena história crítica, talvez tenha sido o primeiro a Expedições geográficas e formação territorial no Espírito Santo (c. 1943)

Geographic expeditions through the Brazilian Sertão (1941–1948): Origins of another epistemological style of geography

“… 18 18 Strictly speaking, not all areas studied in the expeditions can be considered as part of the Brazilian sertão , such as Guanabara Bay, in Rio de Janeiro, studied by Francis Ruellan. However, it was also common to say ‘coastal sertões’ for sparsely inhabited regions on the coast, as in Espírito Santos at that time (Nogueira, 2020). …”