Introdução: Os leiomiomas são tumores benignos que afetam a musculatura do útero e representam um importante problema de saúde pública no Brasil. O Ministério da Saúde pontua que a condição acomete cerca de dois milhões de mulheres e cerca de 300 mil perdem o útero, por ano, em consequência da doença. Assim, é necessário desenvolver estratégias mais eficazes de prevenção, diagnóstico e tratamento, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e a redução dos impactos causados por essa condição. O presente estudo tem como objetivo analisar o perfil epidemiológico e a tendência das hospitalizações por leiomioma no Brasil, entre janeiro de 2013 e novembro 2023. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico observacional descritivo de base populacional, com abordagem quantitativa em que foram obtidos dados secundários do Departamento de Informações e Informática do SUS (DATASUS), referentes às hospitalizações no Brasil, com diagnóstico principal CID-10 D25 (leiomioma do útero), por meio do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Foram consideradas como variáveis características individuais, como faixa etária e cor/raça. Após isso, os dados foram revisados no programa estatístico STATA® 14.2 e efetuou-se a regressão de Prais-Winsten, pela qual calculou-se a taxa de variação anual (TVA) e os limites inferior e superior do intervalo de confiança de 95% (IC95%). Resultados: Ocorreram 851.618 hospitalizações no Brasil por leiomioma entre janeiro de 2013 a novembro de 2023. Em relação à faixa etária, observou-se o maior número de internações pela doença na faixa etária entre 30 a 59 anos, com 798.042 (93,7%) casos, com destaque para mulheres entre 40 a 49 anos, com 482.661 (56,7%) casos. Além disso, a cor/raça que mais prevaleceu entre as hospitalizações foi a parda, com 407.548 (47,8%) casos. Quanto ao caráter do atendimento, 682.695 (80,1%) casos foram eletivos e os demais urgência – 168.923 (19,8%) casos. Em relação aos óbitos, foram verificadas 468 mortes pela doença, correspondendo a uma taxa de mortalidade baixa, de 0,06. As hospitalizações por leiomioma de útero em todas faixas etárias apresentaram tendência em estabilidade – exceto de 15 a 19 anos, com tendência decrescente. No entanto, os dados pré-pandemia (2013 a 2019) indicam tendência de crescimento nas faixas etárias entre 40 e 69 anos. Conclusão: Esta análise epidemiológica abrangente das hospitalizações por leiomioma no Brasil indica a magnitude e complexidade desse problema de saúde pública, sobretudo pelo número elevado de incidência, com quadros de urgência que demandam um manejo atencioso, uma vez que leiomiomas são causas frequentes de sangramento uterino anormal, podendo também causar infertilidade ou complicações na gestação.