Estudo epidemiológico da hanseníase no Brasil: reflexão sobre as metas de eliminação

Abstract

RESUMO Objetivos Descrever o perfil epidemiológico da hanseníase no Brasil no período de 2005 a 2015 e verificar como os indicadores brasileiros estão se comportando em relação às metas estipuladas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para eliminação dessa doença. Métodos A pesquisa foi realizada a partir dos dados disponíveis nos sites do Ministério da Saúde. Foram avaliados os indicadores: dados de prevalência, coeficientes de detecção geral e conforme grupo etário (< 15 anos ou ≥ 15 anos), porcentagem de cura e grau 2 de incapacidade. Resultados No período do estudo, o coeficiente de prevalência dos casos de hanseníase manteve-se em patamar médio (de 1,00 a 4,99/10 000 habitantes), com tendência nacional decrescente. Entretanto, esse comportamento não foi observado nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. O coeficiente de casos novos em indivíduos com menos de 15 anos apresentou diminuição entre 2005 e 2015 em todas as regiões. O coeficiente de detecção de casos novos diagnosticados com grau 2 de incapacidade teve redução significativa, principalmente nas regiões Sul e Sudeste; o Norte do país foi a única região com aumento desse coeficiente. O percentual de cura de hanseníase no Brasil, independentemente da faixa etária, não sofreu alteração desde 2005, sendo considerado regular (75% a 90%). Conclusão Os principais indicadores de hanseníase apresentaram redução no período do estudo. Embora o Brasil não tenha erradicado a hanseníase, essa meta deverá ser alcançada em 2020 caso sejam mantidos os parâmetros. Recomenda-se adaptar a política de atenção à hanseníase à realidade de cada região brasileira, visto que a prevalência da doença apresenta distribuição heterogênea.

Epidemiologia e análise espacial da hanseníase em um município do nordeste do Brasil

“…Os coeficientes de detecção geral da hanseníase no município de Simão Dias apresentaram-se oscilantes, porém foi perceptível um padrão de alta endemicidade da doença de acordo com os parâmetros epidemiológicos do Ministério da Saúde (entre 10 e 20 casos por 100 mil habitantes) (12) . Convém citar que 2012 foi o ano com maior taxa de detecção dentre o período estudado, sinalizando uma situação de vulnerabilidade do município no tocante ao controle da doença, uma vez que esses casos podem ser decorrentes da continuidade na transmissão da doença (2,12) . Sugere-se ainda que esta elevação da taxa de detecção pode estar associada a maior busca ativa e diagnóstico dos casos no município.…”

“…Considerando-se a magnitude do problema foi pactuada na última década a redução na detecção de casos de hanseníase no Brasil, mas Simão Dias permanece com maior incidência que o coeficiente estabelecido pelo Ministério da Saúde para eliminação de tal agravo. Com isso é perceptível que o município tem dificuldades em atingir a meta nacional (12) , indicando que a doença constitui sério problema de saúde pública na localidade, assim como ocorre em vários municípios brasileiros.…”

“…Esse cenário acaba interferindo no trabalho e na vida social do indivíduo, o que ocasiona perdas econômicas e traumas psicológicos, caracterizando a hanseníase como uma doença de extrema severidade socioeconômica (1) . Infere-se ainda que, a presença de algum grau de incapacidade pode indicar falha no diagnóstico precoce, aumentando a transmissão ativa e recente, hipótese que pode ser reforçada com o diagnóstico em menores de 15 anos, dificultando que o município atinja as metas nacionais de combate a hanseníase (12) .…”

“…Além das ações de vigilância em saúde, torna--se necessário o aumento de ações educativas com a população como forma de combate a desinformação e reforçar a conscientização da comunidade sobre a hanseníase, contribuindo para a busca pelo diagnóstico e tratamento precoce. Portanto deve-se promover o acesso a serviços de saúde e programas de inclusão social com o objetivo de fortalecer a capacidade de participação ativa das pessoas acometidas pela hanseníase nos espaços de controle social (12,19) .…”

O domicílio como importante fator de transmissão da hanseníase

“…Due to the low social condition, it leads to inequalities in food, housing, education, and work conditions, among others, which directly reflect the population's quality of life and health standards. In an epidemiological study, the socioeconomic inequalities of the different regions of the country were pointed as impeding the elimination of leprosy in Brazil, as the poorest regions are the most endemic 22 .…”