SZARFARC, S.C. et al. Estudo das condições de saúde das crianças do Município de São Paulo, SP (Brasil), 1984(Brasil), /1985..X -Consumo Alimentar. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 22:266-72, 1988.RESUMO: Como parte de amplo estudo epidemiológico sobre condições de saúde na infância, uma amostra probabilística de menores de cinco anos residentes no Município de São Paulo (n = 305) foi estudada com relação à adequação nutricional de suas dietas. Através do inquérito recordatorio do consumo alimentar nas últimas 24 horas evidenciou-se que: a) a partir de um ano de idade, as dietas tornam-se insuficientes para cobrir as necessidades energéticas de grande parte da população; b) em todas as idades, mas particularmente nos primeiros dois anos de vida, o aporte dietético de ferro está muito abaixo das quantidades recomendadas para o consumo do nutriente; c) em todas as idades, o aporte de proteína e de vitamina A alcança valores satisfatórios. Tais achados mostraram-se compatíveis com a avaliação clíni-co-laboratorial do estado nutricional realizada simultaneamente ao inquérito alimentar. A estratificação social da amostra revelou que o nível sócio-econômico familiar influencia fortemente o consumo energé-tico e, de forma menos intensa, o consumo de ferro. Na discussão dos prováveis fatores responsáveis pelos déficits dietéticos encontrados, hipóteses distintas são aventadas para o déficit energético e para o dé-ficit de ferro. No caso do déficit energético, a origem básica do problema pareceria residir no baixo poder aquisitivo da população que condiciona insuficiente disponibilidade de alimentos e ingestão quantitativamente deficiente. No caso do déficit de ferro, a mesma hipótese valeria inteiramente apenas a partir da idade de dois anos. Antes desta idade, fatores relacionados ao desmame precoce e ao atraso na introdução de alimentos ricos em ferro aparentemente seriam mais importantes.
UNITERMOS:
INTRODUÇÃOA inclusão do estudo do consumo alimentar em inquéritos destinados a estabelecer condições de saúde é fato que dispensa justificações. Ainda mais necessárias se torna a referida inclusão quando o segmento populacional de interesse é particularmente vulnerável a deficiên-cias nutricionais, como é o caso da população de menores de cinco anos 12 . Embora importantes, são escassas em nosso meio as informações existentes sobre consumo alimentar. A nível nacional, os dados disponí-veis procedem de inquérito realizado pela Fundação IBGE há mais de uma década (1974/75), com o incoveniente de que as informações fornecidas pela mesma, dizem respeito ao consumo médio de unidades familiares e não ao consumo de indivíduos 8 . A nível de regiões ou municípios, as informações existentes provêm em geral de pequenos estudos realizados em amostras com base populacional pouco definida e de difícil inferência para conjuntos maiores da população. Uma fonte alternativa de informações, freqüentemente utilizada, são os inquéri-tos domiciliares de despesa familiar conduzidos por instituições que medem custo de vida 3,7,13 . Tais inquéritos...