Estratégias Para Resistir Às Resistências: Experiências De Pesquisa E Docência Em Educação E Tecnologia

Abstract

É difícil prever o futuro da educação brasileira, mas a presença cada vez mais marcante das tecnologias digitais em contextos educacionais parece ser uma tendência irrefreável. Proliferam novas siglas, acrônimos e rótulos apresentados como novidades, mas que, frequentemente, apenas reciclam velhas ideias. Enquanto a expansão da indústria que fornece artefatos digitais para fins supostamente educacionais se dá com o respaldo de políticas de fomento à inovação, as discussões pertinentes são predominantemente maniqueístas e marcadas por juízos de valor fortemente afetivos. Nesse contexto, para que seja possível enfrentarem-se condições possivelmente adversas aos valores de uma educação focalizada na formação de cidadãos críticos, é preciso desafiar essa polarização. Baseado em estudos críticos e na experiência docente dos autores, este ensaio discute recursos e estratégias pedagógicas que visam a resistir às resistências fundadas em concepções simplistas da relação educação-tecnologia.

Direito à educação em escola pública:

“…Muitas vezes, também, elas se relacionam à ideia de inovação. Seu uso na educação é tomado como indiscutível e apresentam-se diferentes saídas tecnológicas para os ditos problemas que não são explicitados ou que não seriam próprios da educação (Ferreira et al, 2020). A entrada de cada inovação tecnológica nesse âmbito evidencia como a tecnologia educacional "tornou-se um negócio multibilionário, com interesses de corporações globais diretamente relacionados com o fornecimento de ações e práticas educacionais" (Selwyn, 2017, p. 15).…”

Ensino Remoto Emergencial E Letramentos Midiáticos De Professores Na Pandemia De Covid-19

“…Autores como Morozov (2018), Selwyn (2011), Buckingham (2010, 2019b e Ferreira ( , 2020Ferreira ( , 2018 nos dão pistas de que os letramentos midiáticos implicam um entendimento crítico profundo sobre as mídias, que inclui a reflexão sobre o nosso uso pessoal e o vínculo emocional e simbólico que possuímos com elas, além do reconhecimento das complexas formas do capitalismo digital moderno que, por exemplo, faz com que as notícias falsas disseminadas sejam altamente rentáveis para grandes plataformas, já que atraem um número grande de cliques (Morozov, 2018). A grande quantidade de dados (big data), coletada de usuários e o uso de algoritmos para tratar esses dados através de inteligência artificial fazem parte do modelo de negócio das grandes empresas de tecnologia, as chamadas big tech, que são a base do funcionamento do capitalismo digital.…”

Podcasts: O Que Os Torna Educativos?

“…Para minha pesquisa, saí em busca de uma temática que, de alguma forma, capitalizasse as competências que desenvolvi atuando nessas três áreas e que, além de me proporcionar prazer ao estudar, tivesse relevância para o universo acadêmico. Nessa caminhada, deparei, então, com Ferreira et al (2020Ferreira et al ( , p. 1005, ao se referirem à expansão indiscriminada do uso de tecnologias na Educação: "Como professores poderiam atuar na modalidade a distância, por exemplo, ou realizar atividades presenciais com uso de tecnologias sem se posicionarem como reféns do contexto atual?". Vislumbrei, nesse questionamento, uma boa oportunidade para trabalharem juntas a jornalista investigativa, a professora determinada e a artista criativa que me habitam.…”

“…O fato de podcasts poderem ser escutados a qualquer momento e em qualquer lugar, pode torná-los, sim, um recurso alternativo e facilitador, que permite aos estudantes acessá-los dentro e fora do ambiente convencional de ensino. Em contrapartida, para que essa prática aconteça de forma democrática, faz-se necessário, como dissemos, priorizar a inclusão digital e, retomando a ponderação feita na Apresentação desta pesquisa, devemos questionar, fortemente, como professores poderiam "[...] realizar atividades presenciais com uso de tecnologias sem se posicionarem como reféns do contexto atual" (FERREIRA et al, 2020(FERREIRA et al, , p. 1005.…”

“…Nesse contexto de imposição do uso da tecnologia que salienta as desigualdades educacionais, mostra-se oportuna a reflexão de Ferreira et al (2020) acerca do neotecnicismo e das inovações advindas dele para revolucionar o sistema educacional, revolução esta que "[...] não será protagonizada pelo professorem tese, responsável pelo ensino -, mas, sim, pela tecnologia" (FERREIRA et al, 2020(FERREIRA et al, , p. 1004(FERREIRA et al, -1005. No mesmo caminho, Buckingham (2010) Para uma análise mais aprofundada dessa produção, utilizamos uma planilha com as categorias "autor", "título", "localização", "data", "questões norteadoras", "objetivos", "referencial teórico" e "achados".…”