ResumoApresentam-se e comparam-se vozes de estudantes de dois sistemas educativos -Portugal e Escócia -sobre a sua transição para o ensino secundário, enquadrando-se esta problemática no campo do desenvolvimento curricular. A recolha recorreu a grupos de discussão focalizada que exploraram os fatores de escolha do curso e/ou disciplinas e escola que os e as estudantes estavam a frequentar, e sobre as principais dificuldades experienciadas na transição. Conclui-se confrontando e problematizando opostos de obrigatoriedade, flexibilidade e escolha que subjazem ao ensino secundário nestes dois sistemas educativos com base nas vozes auscultadas. Palavras chave: Transição; Ensino Secundário; Vozes de estudantes; Escolhas; Dificuldades;
AbstractStudent voices about the transition to upper secondary education in two education systems -Portugal and Scotland -are presented and compared, framing this problematic in the field of curriculum development. Data collection comprised focus groups in which aspects of course and subject choice were explored as well as the main difficulties experienced in the transition. The conclusion confronts and problematizes the opposites of compulsory, flexibility and choice underlying upper secondary education in these two education systems based on the listened voices Keywords: Transition; Upper secondary education; Student voices; Choices; Difficulties;A entrada no ensino secundário, ou níveis equivalentes, é sempre um período importante no percurso de vida dos e das jovens. Estes vêm-se obrigados a efetuarem escolhas que configuram as suas expectativas académicas e profissionais, por vezes, de uma forma desfasada das suas temporalidades de desenvolvimento individual (Vieira, Pappámikail & Nunes, 2012). Em Portugal, essas escolhas ganham contornos ainda mais complexos devido à matriz curricular rígida e excessivamente afunilada do ensino secundário. Já na Escócia, um novo currículo, atualmente em introdução neste ciclo de escolaridade, incorpora princípios de flexibilidade, personalização e escolha (Education Scotland, 2016), os quais têm gerado diversas dificuldades na sua implementação, não só por parte das escolas e professores, como de estudantes, ao terem de gerir um leque diversificado de escolhas que nem sempre é claro nas possibilidades de destinos aos quais os podem levar. Como resultado, surgem problemas de agravamento do insucesso e desafetação escolares no início deste ciclo de escolaridade os quais, por vezes, resultam em inflexões nos percursos escolares, frustrações académicas e sociais e no limite, como destacou o recente relatório da OCDE (2017), para o caso de Portugal, abandono escolar precoce.Como tal, apresentam-se e descrevem-se brevemente as comunalidades e diferenças que estudantes de Portugal e Escócia referiram experienciar no início do ensino secundário, com foco no modo referiram fazer as suas escolhas de cursos e/ou disciplinas, e nas dificuldades que referiram sentir à entrada do ensino secundário, discutindo as relações entre as perspetivas apresentadas pelos ...