Escola mista? Coeducação? Um desafio histórico para a educação de meninos e meninas

Abstract

O artigo traça um panorama da educação feminina no Brasil, apresenta fatores que levaram a paisagem escolar brasileira ser majoritariamente mista, discutindo o conceito de escola mista e escolarização diferenciada por sexo. Foi produzido com base em levantamento bibliográfico das áreas História da Educação, Sociologia e História prioritariamente. Constata que escola mista não significa a oferta de uma escolarização não diferenciada por sexo e reflete sobre a possibilidade de o ambiente escolar constituir-se como um espaço contributivo para a igualdade de gêneros. O texto infere a importância de um olhar atento para o sistema educacional e suas diferentes instâncias e para sujeitos que frequentam os ambientes educativos. Refletir sobre a importância de uma educação igualitária exige, entre outros fatores, pensar sobre a instrução disponibilizada (ou não) para homens e mulheres ao longo do tempo, nesse sentido, a História da Educação é espaço de grande importância.

Instrução Pública Do “Sexo Feminino” No Maranhão: No Diretório Dos Índios E Início Do Século Xix

“…Outra questão suscitada pela vigência da Lei Geral das Escolas de Primeiras Letras, de 15 de outubro de 1827, é a que diz respeito aos efeitos de ampliação da instrução elementar, ao autorizar a criação de escolas, para um e outro sexo, em lugares populosos do Império em que fossem julgadas necessárias (Lei de 15 de outubro de 1827). Essa lei formalizou a presença feminina na instrução pública e tem sido recorrentemente citada na historiografia como marco da entrada das mulheres na escolarização estatal (Carra, 2019;Chamon, 2006;Hahner, 2011;Munhoz, 2022).…”

Public Instruction on the “Female Sex” in Maranhão: In the Diretório Dos Índios and the Beginning of the 19th Century

“…Another issue raised by the effectiveness of the Lei Geral das Escolas de Primeiras Letras concerns the effects of expanding elementary education, by authorizing the creation of schools, for both sexes, in populous places of the Brazilian Empire where they were deemed necessary (Lei de 15 de outubro de 1827). This law formalized the female presence in public education and has been repeatedly cited in historiography as a milestone of women's entry into state schooling (Carra, 2019;Chamon, 2006;Hahner, 2011;Munhoz, 2022).…”

Ponderações sobre (des)segregação na educação

“…Não é objetivo meu arrazoar sobre as questões de gênero no campo da educação, contudo, nos últimos anos tem crescido sobremaneira a discussão a respeito da implementação de escolas ou de salas de aulas da educação básica onde meninos e meninas estudem separadamente (CARRA, 2019). Os resultados das pesquisas apresentam opiniões diversas, não chegando a um consenso pleno.…”

“…Em contra partida, há um número razoável de estudos avaliando os principais motivos para se adotar salas de aulas separadas por sexo ou, até mesmo, escolas separadas por sexo, ou denominadas escolas 'single sex', na educação básica. E, como resultado, investigações observam que o número dessas escolas tem crescido e se fortalecido na sociedade americana (FRANCIS, 2000;MEAD, 2006;CABLE;SPRADLIN, 2008;FINCO, 2008;CARRA, 2019). Ratifico que, como mencionado anteriormente, a discussão sobre esse conteúdo tem se expandido entre os brasileiros.…”