Processos geoquímicos estão associados ao intemperismo e à desnudação em ambientes úmidos. Perdas geoquímicas em bacias hidrográfi cas e sistemas fl uviais já foram estudadas em várias partes do mundo, comprovando a sua efetividade. Todavia, o papel das nascentes de cursos d'água na desnudação geoquímica é praticamente desconhecido. Esse artigo investiga a contribuição das nascentes para as perdas geoquímicas, estudando dois casos na borda oeste da Serra do Espinhaço Meridional. Durante um ano hidrológico, 23 nascentes foram monitoradas para o cálculo das taxas instantâneas e médias anuais de sólidos totais dissolvidos e de perda geoquímica. Os resultados mostram que a origem hidrogeológica e a dinâmica hidrogeomorfológica das nascentes são os principais fatores controladores da sua contribuição para a desnudação geoquímica. Assim, enquanto algumas nascentes em rochas quarzíticas apresentaram perda geoquímica inferior a 10,0 kg/ano, uma das nascentes carbonáticas superou 45.000,0 kg/ano (valor comparável a canais de maiores ordens). Portanto, o papel das nascentes para a desnudação geoquímica e, consequentemente, para a evolução da paisagem é mais signifi cativo e complexo do que se pressupunha.