Os autores declararam que não há confl itos de interesse associados à publicação deste editorial. Copyright © Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul -APRS O suicídio é um importante problema de saúde pública no Brasil e na maioria dos países do mundo, sendo responsável por cerca de 1 milhão de óbitos a cada ano [1][2][3] . Considerado globalmente, esse número é maior do que o relativo às mortes em acidentes automobilísticos e guerras. Ou seja, no mundo morrem mais pessoas por suicídio do que por acidentes automobilísticos e guerras, somados. No entanto, as polí-ticas de saúde -e a opinião pública de forma geral -mostra uma preocupação substancialmente menor para com o suicí-dio, faltando muitas vezes dados epidemiológicos confi áveis, programas de esclarecimento para a população, treinamento adequado dos agentes de saúde para lidar com o problema, além de incentivo para pesquisas que abordam o tema [1][2][3][4][5] .No Brasil ocorrem cerca de 9.000 mortes por suicídio a cada ano, sendo que, na faixa etária de 15 a 24 anos, um impressionante aumento da mortalidade, de 1.900%, foi observado entre os anos 1980 e 2000 1 . A despeito disso, a comunidade científi ca brasileira pouco publica seus achados relativos a suicidologia em periódicos nacionais 4 . Há múltiplas explicações para isso, mas acreditamos que um ponto importante é a falta de visibilidade internacional de muitos deles 3 . Nos últimos anos, entretanto, observamos um avanço signifi cativo dessa visibilidade em vários periódicos. Periódicos como a Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul estão indexadas, entre outras fontes, na Scientifi c Electronic Library Online (SciELO), representando segurança e um incentivo para que grupos de pesquisa nacionais e internacionais aqui publiquem seus achados.Confi rmando essa tendência, na última edição tivemos o prazer de compartilhar dados de pesquisadoras da Universidade de Minho, Portugal 6 . Silva & Maia abordaram aspectos pouco explorados da suicidologia, avaliando o comportamento suicida em pacientes com obesidade mórbida que sofreram experiências adversas, incluindo abuso emocional, físico e sexual, na infância. Trata-se de tema importante, principalmente por ser ainda pouco estudado, apesar das crescentes evidências das elevadas taxas de autoextermínio associado aos transtornos alimentares 7,8 , bem como da associação entre abuso infantil e comportamento suicida 9,10 .No artigo, as autoras nos mostram resultados interessantes. Primeiro, confi rmando resultados da literatura, elas demonstram a importância do comportamento suicida nesse grupo de pacientes, já que 25% dos obesos mórbidos por elas estudados tinham história de pelo menos uma tentativa de suicídio. Em segundo lugar, as autoras puderam mostrar que pacientes que passaram por adversidades na infância apresentavam maior risco de tentar suicídio. Finalmente, mas não menos importante, mostraram que, quanto mais adversidades sofridas, maior o risco de se fazer uma tentativa de suicídio 6 .Nós hoje sabemos que o comportamento suicida é, pelo menos p...