VIIde saúde desfavoráveis relacionadas a infecções, falta de higiene, desnutrição, superlotação, contaminação ambiental, muitas dessas ligadas à pobreza (3) .As doenças transmissíveis, especialmente as infecções das vias respiratórias, parasitoses intestinais, e também as situações relacionadas à pobreza, como a desnutrição, ainda são as mais prevalentes nos povos indígenas. Todavia, Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) como diabetes, hipertensão arterial, obesidade, abuso e a dependência de álcool têm ganhado cada vez mais importância. As DCNT estão diretamente relacionadas a uma taxa de mortalidade de três a quatro vezes maior nessa população do que na média nacional. Já as causas externas, especialmente a violência e suicídio, são a terceira causa de morte nesta população, afetando sobretudo regiões como Mato Grosso do Sul e Roraima (5) .Ainda sobre os dados e as informações divulgadas sobre a saúde indígena, o que se conhece sobre o perfil epidemiológico deste grupo populacional é preocupante, principalmente pela persistência na prevalência de doenças infecciosas e parasitárias. Conforme relatório situacional SasiSUS (6) , as doenças infecciosas e parasitárias configuram-se como a terceira causa de óbitos nos menores de um ano e a segunda causa de óbitos entre os maiores de um ano. A predominância dessas configura um quadro sanitário que se mantém idêntico ao do Brasil rural do século XVII, que, no entanto, é concomitante à emergência de doenças crônicas e problemas de saúde mental, configurando um quadro de transição epidemiológica tardia (6)(7) .O contexto da Pandemia SARS-COVID evidencia a fragilidade e condição de vulnerabilidade em que a população indígena se encontra em decorrência da colonialidade, que subsiste até os dias atuais, pois o fator raça ainda permanece como determinante das desigualdades sociais. Dados epidemiológicos levantados pela SESAI até o dia 03/05/2021 apontam 661 óbitos de indígenas pela COVID-19, dados estes contestados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) 1 e outras Organizações não governamentais, que apontam valores duas vezes maior.Corroborando a liderança indígena, Sônia Guajajara 2 2020, acrescenta que a não divulgação pela SESAI de dados fidedignos relacionados aos óbitos na população indígena em decorrência da SARS-CoV-2 evidenciam o retrocesso, caracterizando em um estado omisso com o genocídio institucionalizado, que objetiva exterminar com os povos indígenas (8) .A fragmentação e ausência dos dados referentes à condição da saúde indígena no Brasil é histórica. As dificuldades diagnósticas e as subnotificações foram foco de vários estudos em nível nacional, o que denuncia a trágica situação da saúde indígena e contradições nos discursos oficiais. Essa realidade nos reafirma a exclusão genocida desses povos em decorrência de sua invisibilidade perante o Estado (9) .Segundo os dados da APIB, fornecidos ao Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena, os três fatores mais comuns que contribuíram para a disseminação de doença nas aldeias indígenas com an...