Braz. J. Aquat. Sci. Technol., 2016, 20(2).
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INTRODUÇÃOExiste atualmente uma preocupação crescente quanto à contaminação dos recursos hídricos pelos denominados "poluentes emergentes" (Filho et al., 2007), dentre os quais podem se destacar os advindos de produtos farmacêuticos -como resíduos de medicamentos e seus derivados (Valcarel et al., 2011). Tal situação vem chamando a atenção de pesquisadores, pois ainda se desconhece o potencial ecotoxicológico de tais produtos (Zagatto, 2008). Estes poluentes são encontrados em pequenas quantidades no meio ambiente, o que em princípio não traria complicações imediatas à saúde humana, mas o risco ambiental e as complicações para a saúde humana durante uma exposição crônica precisam ser mais bem avaliados (Kock -Schulmeyer et al., 2011). Tal discussão merece atenção especial porque são escassos, ou, praticamente inexistentes os métodos que removam estes poluentes, sendo as pesquisas nestes campos ainda incipientes, porém promissoras.Um dos poluentes emergentes que desperta aten ção em especial são os estrógenos e seus derivados que se encontram nas águas -principalmente o 17α etinilestradiol e o 17 β estradiol (Solomon & Schetller, 2000). Estes hormônios são encontrados em concentrações mínimas, o que de imediato não representa riscos à saúde e ao meio ambiente, porém a exposição crônica pode levar a feminilização de peixes em rios contaminados, e o consumo de águas contaminadas compromete a saúde humana pela ocorrência de um desequilíbrio endócrino (Snyder, 2003), que resulta em uma elevação do risco de desenvolvimento de câncer de colo uterino e de mama em mulheres, e nos homens aumenta a chance de ocorrência de câncer de próstata (Warning, 2005;Maniero et al., 2008). Estes hormônios também exercem ação antioxidante nos organismos vivos devido as suas características químicas, e podem assim influenciar processos metabólicos já existentes (Stancey et al., 1996).A contaminação dos recursos hídricos por estrógenos e seus derivados vem sendo amplamente estudada, e os esforços atuais se concentram na identificação e remoção química destes hormônios (D'ascenzo et al., 2003). A avaliação da ecotoxicidade promovida pelo estrógeno, valendo-se do uso de biotestes também vem sendo estudada devido à importância de se ter indicadores que permitam haver um parecer sobre a toxicidade aguda e crônica destes hormônios nos ambientes aquáticos. Para os casos de biotestes que avaliam a contaminação por estrógenos, utilizam-se como biondicadores a vitelogenina (VTG) e a proteína zona There is growing concern about contamination of water resources by "emerging pollutants". Endocrine interferons (EI) from pharmaceuticals, such as 17α-ethynyl estradiol and 17β-estradiol, fit this condition. This problem has been studied by researchers because little is known about the ecotoxicological risk of such compounds. There are several methods that aim to perform biomonitoring for the presence of EIs previously mentioned, such as tests involving yeast or genetically modified fish. The disadvantage...