Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons -Atribuição 4. 1946), o romance que lhe trouxe fama internacional e no qual traça, de forma caricatural e grotesca, o retrato de um típico ditador latino-americano e de seu governo baseado no terror, na maldade e na morte. Nesse contexto, onde predomina o medo e a crueldade, aparecem duas mulheres -Camila Canales e Niña Fedina -que, unidas pela tragédia, terão de fazer frente a esse jogo de poder entre o bem e o mal. Na análise da trajetória dessas duas personagens se percebe a construção de uma narrativa hibrida, porque "incorpora la historia en la literatura", que coloca a mostra a luta travada entre as forças da luz -o povo oprimido do qual fazem parte as mulheres, muitas vezes ignoradas -e a das trevas -o ditador e todos que, por medo ou ambição, compactuam com ele -, segundo os mitos latino-americanos. Neste trabalho, ao destacar essas duas personagens, objetiva-se mostrar, como sinalizou Pesavento (2006), que a literatura e a história "guardam com a realidade distintos níveis de aproximação", e que a literatura pode servir de fonte para a história, enquanto "registro e impressão da vida", porque é um "inegável registro de seu tempo".
Palavras-chave:Miguel Ángel Asturias; Literatura Latino-americana; Literatura e história.
ABSTRACT:The Guatemalan Miguel Angel Asturias (1899-1974), writer, diplomat and Nobel Prize for Literature (1967) was one of the greatest Latin American writers, along with Gabriel Garcia Marquez and Mario Vargas Llosa. Among his many works, the most renowned is El señor presidente (1946), a novel that brought him international fame and through which he represents, in a very bizarre way, the portrait of a typical Latin American dictator and his government based on terror, evil, and death. In this context, dominated by fear and cruelty, two women appear -Camila Canales and Nina Fedina -who, united by the tragedy, will have to cope with this power play between good and evil. In the analysis of the female trajectory, one can observe the construction of a hybrid narrative since it incorporates "la historia en la literature," which shows the struggle between the forces of light and the forces of darkness. According to the Latin American myths, the former represented the oppressed, including women, often ignored; the latter, the dictator and all those people who condoned him by fear or ambition. By highlighting the role of these two female characters, this work aims to show that literature and history reflect reality through different levels of identity (Pesavento, 2006), and that literature can serve as a source for history, regarding "registration and impression of life", since it is "an undeniable record of its time."