Introdução: a Doença de Parkinson (DP) é uma afecção crônico-neurodegenerativa prevalente na população idosa. Cursa com sintomas motores (bradicinesia, tremor de repouso e rigidez) e não motores (déficits cognitivos, psicose, depressão e ansiedade). Sua patogenia, caracteriza-se pela degeneração dos neurônios que sintetizam dopamina, sobretudo na substância negra, resultando em decréscimo no corpo estriado. O dano neuronal do trato nigrostriatal pode relacionar-se ao estresse oxidativo, à redução da degradação de proteínas e à disfunção mitocondrial. O diagnóstico da DP é clínico e a terapêutica é baseada em precursores da dopamina, que possuem eficácia limitada e efeitos adversos importantes. Portanto, deve-se considerar o canabidiol (CBD) como possível alternativa no tratamento, por atuar no sistema endocanabinóide, envolvido na fisiopatologia da DP. Este artigo busca verificar a validade do CBD no tratamento alternativo para a DP. Metodologia: revisão integrativa da literatura nas bases de dados PubMed, SCIELO e Lilacs, mediante a utilização dos descritores: “cannabidiol x parkinson” e “alternative treatments x parkinson”. Foram selecionados 17 artigos, de 2002 a 2022. Artigos completos e com publicação inferior a 10 anos foram incluídos. Estudos publicados em periódicos de baixo fator de impacto foram excluídos. Discussão: estudos pré-clínicos e clínicos apontam para a efetividade do CBD no tratamento principalmente dos sintomas não motores da DP. Esse composto parece inibir os agonistas de receptores canabinóides 1 e 2, impedir a recaptação da anandamida e ser agonista do receptor de serotonina e dos receptores de vanilde. Parece haver uma ação global e sincrônica em múltiplos sintomas, por meio de mecanismos ainda não totalmente elucidados. A ação multivias, expressa pelo CBD, conflui com a patogênese multifatorial da DP e sua possível utilização terapêutica é suscitada pelo reduzido espectro de reações adversas e pela sua boa tolerabilidade. Ademais, o CBD pode atenuar os sintomas psicóticos induzidos pela levodopa, além de apresentar efeitos anti-oxidantes, anti-inflamatórios e neuroprotetores. O impasse está na necessidade de reforço dos estudos clínicos com amostras significativas, as quais ratifiquem os achados pré-clínicos. Conclusão: frente a uma doença de terapêutica insatisfatória, que impacta na qualidade de vida de seus portadores, o uso do CBD é uma alternativa promissora. Estudos clínicos com amostragem vasta são essenciais para elucidar a eficácia do CBD no tratamento da DP em humanos.