Efeitos da capacidade de mentalização sobre sintomas psicopatológicos em uma amostra de usuários de um Ambulatório de Saúde Mental no Nordeste do Brasil

Abstract

Mentalização é a capacidade do indivíduo de perceber estados mentais próprios ou de outros, ponderando os aspectos implícitos e explícitos da realidade. Função reflexiva refere-se a um conjunto de operações psicológicas necessárias para a mentalização, constituídas por meio do self reflexivo. Ambos os conceitos estão relacionados com diferentes transtornos psicopatológicos. O estudo objetivou investigar a associação entre mentalização e sintomas psiquiátricos, examinando se prejuízos na capacidade de mentalização explicam a severidade de diferentes agrupamentos de sintomas. Trata-se de estudo com abordagem quantitativa, transversal e explicativa. Participaram do estudo 80 usuários atendidos em um Ambulatório da Saúde Mental. Os instrumentos utilizados foram o BSI e a RFQ.Resultados indicam que o tipo de prejuízo da função reflexiva é diferente em distintos grupamentos de sintomas, sugerindo ainda que a mentalização deve ser considerada por clínicos e pesquisadores em relação a quadros clínicos delimitados e não em relação a níveis globais de disfunção psicológica.

Uma análise documental do atendimento psicológico das vítimas de violência sexual infantil no pronto socorro

“…Deve-se destacar que tanto o trabalho da psicologia e o serviço social do pronto socorro do hospital como a análise dos relatórios não têm como objetivo discutir a veracidade ou confirmação da ocorrência da violência sexual e deve-se considerar que a grande maioria dos casos deste estudo foram atendidos em uma única ocasião pela equipe multiprofissional, portanto devido à natureza deste estudo, todos os relatos foram considerados como verdadeiros. Para estudar evidências da ocorrência do abuso seria necessário realizar outro tipo de estudo, como o proposto por Silva et al (2013), que analisou laudos realizados pelo IML resultantes de perícias psiquiátricas e psicológicas.…”

“…No que se refere ao sexo e à faixa etária da vítima, os resultados indicam que o maior grupo de afetados é do sexo feminino (79,8%) entre os 6 e 12 anos (38,4%), confirmando o apontado por Sanderson (2008) e Silva et al (2013), porém o número de atendimentos do sexo masculino (20,2%) é maior do que apresenta a literatura.…”

“…Sobre os sinais e sintomas apresentados pelas vítimas, deve-se sublinhar que foi observado que, em sua grande maioria, os atendimento se tratavam apenas de um primeiro contato com algum serviço de saúde, podendo chegar a desenvolver os sintomas de forma posterior ou por outros motivos, ou mesmo não desenvolvendo sintoma algum, como foi apontado por Silva et al (2013).…”

“…Por outro lado, há vítimas que não apresentam nenhuma consequência negativa decorrente do episódio abusivo (Saywitz et al, 2000). (Silva et al 2013) Desta forma, considerando as peculiaridades desta população e a literatura estudada, tem-se como objetivo identificar os sinais e sintomas desenvolvidos após a violência sexual assim como os diversos fatores contextuais que devem ser considerados para compreender o impacto da violência sofrida no sujeito no atendimento no pronto socorro de um hospital de referência. Como objetivo específico, propõe-se descrever e analisar os sinais, sintomas e fatores contextuais envolvidos com a violência sexual, assim como descrever e apontar reflexões do fluxo de atendimento e os atores envolvidos no processo de acompanhamento da violência sexual.…”

“…A autora também pontua que o dano psíquico está associado a fatores tais como a idade do início do abuso, a duração e frequência do abuso sexual, os tipos de atos sexuais, o uso da força ou da violência, o relacionamento da criança com o abusador, a idade e o sexo do abusador e os efeitos da revelação. Silva et al (2013) realizaram uma análise documental de laudos de perícias psiquiátricas e psicológicas de vítimas de violência sexual, observando que os resultados revelaram que houve uma manifestação de sintomas e/ou quadros psicopatológicos em casos em que não havia evidências para afirmar a ocorrência de abuso, assim como não houve apresentação de sintomas e/ou quadros psicopatológicos em laudos que apontavam probabilidade de abuso, apontando para a necessidade de analisar os fatores contextuais envolvidos, tais como os apontados por Sanderson (2008).…”