Efeito da reabilitação de áreas de mineração de bauxita na infiltração e na repelência do solo à água

Abstract

O Brasil, como o terceiro maior produtor de bauxita do mundo, ocupa uma posição de destaque na indústria de mineração. No entanto, surgem questionamentos da sociedade sobre os potenciais impactos negativos da mineração nos processos hidrológicos, dado o considerável revolvimento do solo envolvido nessa atividade. O objetivo principal deste estudo é avaliar os efeitos da reabilitação de áreas mineradas de bauxita pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) na infiltração e na repelência do solo em relação à água. Foram selecionadas seis áreas, sendo três delas áreas reabilitadas (área 0610, 0630 e 0123), e as outras três áreas foram designadas como áreas testemunhas. Essas áreas estão localizadas no município de São Sebastião da Vargem Alegre, na região da Zona da Mata mineira, no Brasil. Nessas áreas, foram coletadas informações relacionadas à infiltração e à repelência do solo usando um infiltrômetro MiniDisk, bem como dados sobre a resistência mecânica do solo à penetração, utilizando um Penetrolog. Para a análise estatística dos dados, foi aplicado o teste Mann-Whitney, utilizando o software RStudio 4.2.3. Também foi calculada a correlação de Spearman e realizada uma análise de componentes principais (PCA). Na área reabilitada, observou-se uma capacidade de infiltração (Ci) e uma velocidade de infiltração (Vi) substancialmente maior, atingindo valores de 309 mm/h e 298 mm/h, respectivamente. Em contraste, na área testemunha, esses valores foram significativamente menores, registrando 148 mm/h para Ci e 129 mm/h para Vi. Essas diferenças entre a área reabilitada e testemunha foi estatisticamente significantes (p≤0,05). Na área reabilitada, a repelência foi de 1,48%, enquanto na área testemunha, esse valor alcançou 6,22%. Essa divergência também foi estatisticamente significativa (p-valor = 0,012). A resistência mecânica do solo à penetração (RMP) apresentou uma profundidade média de 42 cm na área reabilitada, enquanto na área testemunha essa profundidade foi de 26 cm. Essa maior resistência na área reabilitada pode ser resultado da introdução de material grosseiro no perfil do solo durante o processo de reabilitação. Nas análises de correlação de Spearman, foi observado que na área testemunha, as correlações entre Ci e Vi e R foram de -0,37, enquanto na área reabilitada, essas correlações se mostraram mais acentuadas, com valores de -0,73. Concluiu-se que a área reabilitada apresentou as melhores condições hidrológicas, com maiores valores de Vi e Ci, consequentemente menor R em comparação com a área testemunha. A área reabilitada apresentou maior compactação do solo. A correlação de Spearman confirmou a relação inversa entre as variáveis hidrológicas e a repelência. Palavras-chave: Hidrologia florestal. Manejo de bacias hidrográficas. Variáveis hidrológicas.