Ecologia da interação entre as pequenas flores de quilha de Stylosanthes viscosa Sw. (Faboideae) e as grandes abelhas Xylocopa (Neoxylocopa) cearensis Ducke, 1910 (Apoidea, Hymenoptera), em duna tropical

Abstract

Stylosanthes viscosa é uma herbácea comum nas dunas tropicais da costa brasileira, com distribuição agregada nas dunas urbanas de Salvador, BA. Suas flores de quilha diminutas, com uma pequena quantidade de néctar escondido no tubo da corola, a abertura de uma única flor/inflorescência/dia e a baixa densidade floral, juntos, não deveriam ser atrativos para as abelhas de grande porte. Isso deve ser verdadeiro, principalmente, sob a alta demanda energética para termorregulação em dunas tropicais. Ao contrário do esperado, a grande maioria das espécies de abelhas amostradas nas flores de S. viscosa tem tamanho médio a grande e coletou néctar em visitas legítimas, acionando o mecanismo de polinização da quilha. Entretanto, a quilha sempre ficava inutilizada após as visitas das grandes e frequentes (78%) abelhas Xylocopa. Todas as flores visitadas por essas abelhas (inclusive aquelas com a quilha inutilizada) e as protegidas experimentalmente das visitas das abelhas produziram frutos regularmente (100%). O mecanismo de êmbolo das anteras assegura a autopolinização. Como há autopolinização autônoma e o sistema é autocompatível ainda não foi possível discriminar a importância relativa da autopolinização facilitada e da polinização cruzada por abelhas. Entretanto, as grandes abelhas Xylocopa não limitam a autopolinização. Xylocopa cearensis foi a abelha mais abundante (63%) e visitou várias flores (13,0 ± 4,27) em cada rota de vôo, numa mesma mancha, apesar da baixa densidade floral (5 a 20 flores.m-2). A distância de vôo entre flores sucessivas variou entre um e dois metros (49%), acima do que seria possível (15 a 70 cm) dada a densidade floral nas manchas. As rotas de vôo foram direcionais, isto é, a maioria dos ângulos de mudança de direção entre flores sucessivas foram abaixo de 90°, com alta frequência de ângulos pequenos (<30°). Este padrão geral é explicado com a otimização de forrageio, com ajuste a limiares críticos de oferta de recursos. Paradoxalmente, a biologia floral e o padrão de florescimento de S. viscosa deveriam desestimular a visita dessas grandes abelhas, mas esta estratégia funciona apenas temporariamente. Nesta espécie melitófila, a autopolinização autônoma (assegurada pelo êmbolo) pode ser melhor explicada pela hipótese de seleção automática do que pela hipótese de segurança, considerando a disponibilidade de abelhas grandes como polinizadores nas dunas tropicais.

Food niche ofExomalopsis(Exomalopsis)fulvofasciataSmith (Hymenoptera: Apidae) in Brazilian savannah: the importance of oil-producing plant species as pollen sources

“…On the other hand, flowers that offer pollen and nectar as floral rewards, for example, Cuphea and Acosmium, can be exploited for the collection of both. There are records of nectar exploitation of Cuphea's flowers by Xylocopa and Centris (Ribeiro et al 2008;Ramalho and Rosa 2010). There are reports on other species that forage on Acosmium's flowers for nectar (Viana and Kleiner 2006), and the high abundance in some samples also suggests their use as a pollen source.…”

Floristic characterization and pollen morphology of plants visited by Apis mellifera L. in caatinga areas in Bahia, Brazil

“…The determination of plant species with beekeeping importance was made through direct observations of bee foraging in the field and also based on the literature (Aguiar et al 2002;Pereira et al 2006;Santos et al 2006b;Vidal et al 2008;Marques et al 2011;Maia-Silva et al 2012;Nascimento et al 2014;Silva et al 2014b;Salis et al 2015;Salis et al 2017). Plant species with beekeeping importance were identified and grouped into a checklist with their respective floral resources (pollen/nectar/oil) identified based on the specialized literature (Pedro & Camargo 1991;Oliveira et al 1998;Aguiar et al 2002;Agostini & Sazima 2003;Aguiar et al 2003;Costa et al 2006;Machado & Lopes 2006;Pereira et al 2006;Santos et al 2006a;Santos et al 2006b;Viana et al 2006;Polatto et al 2007;Silva et al 2007;Vidal et al 2008;Mendonça et al 2008;Ramalho & Rosa 2010;Modro et al 2011;Moreira & Bragança 2011;Maia-Silva et al 2012;Nascimento et al 2014;Silva et al 2014a;Costa et al 2015;Salis et al 2015Salis et al , 2017Saturni et al 2015;Guimarães-Brasil et al 2017;Melo 2019;Pinto...…”

Foraging Activity of Xylocopa cearensis (Ducke) in Sand Dune Landscape

“…Also, it is evidence that bees may forage across local habitats. Previous studies on foraging paths of X. cearensis in shrub patches, found that bees stay longer and visit more flowers in a single patch because resources are clumped (Costa et al, 2002;Pigozzo et al, 2007;Ramalho & Rosa, 2010;Freire & Pigozzo, 2014), because of high individual or flower density than other species (Viana et al, 2002;. In the case which at least part of the individuals of the bee population has small foraging range, then local habitat structure and their interpatch distances are very meaningful for conservation purposes.…”