“…Mesmo nos espaços em que a destruição da vida material pré-existente se efetivou de modo mais intenso, com algumas das formas mais extremas de exploração do capital em sua esteira, um impulso pela recriação da vida material para além do cotidiano do capital pode também ser encontrado ali: uma civilização material "reconstituída", para emprestar o termo de Mintz (2012). O surgimento de quilombos nos interstícios da América escravista pode ser lido também nessa chave, com processos de reinvenção que dependeram não apenas de práticas e conhecimentos oriundos de regiões específicas da África, mas, também, da apropriação e da mescla com elementos das civilizações materiais da América indígena, como demonstra a centralidade da mandioca, dentre outros cultivos e práticas, na reprodução de vários desses grupos (Carney;Rosomoff, 2010;Bulamah, 2022;Santos, 2022).…”