A violência doméstica presente nas relações sociais entre homens e mulheres está profundamente arraigada às raízes históricas de assimetrias de poder, não sendo percebida como um problema grave e complexo, devido a invisibilidade de suas consequências, revelando as desigualdades socioculturais existentes entre os sexos de discriminação, abuso de poder (SCHRAIBER, 1999).Nessa perspectiva, uma das formas dessa violência de gênero encontra-se presente em todos os estratos sociais. A violência contra a mulher como um fenômeno de caráter endêmico, multifatorial, revelando altas prevalências e se manifestando nos diversos meios sociais independentes de etnia, idade e condições socioeconômicas (BRASIL, 2011; AMARAL et al, 2013).A violência doméstica pode atuar como modelo negativo nos ambientes familiares, gerando depressão durante a gestação e no pós-parto, partos prematuros, comportamentos prejudiciais à interação social e à saúde mental das crianças e adolescentes que convivem com estes modelos. Nessas famílias podem ocorrer relatos de ações que identificam negligência, violência física e psicológica, uso ou abuso de drogas e dificuldade de diálogo entre os membros. (HABIGZAND et al, 2005; AQUINO, 2009; SÁ et al, 2010; GAGNON et al, 2014; OKADA et al, 2015; ABDELHA et al, 2015; GEORGE et al, 2016; SILVA et al, 2016; RAO et al, 2016).Na gestação pode ocorrer o aumento da frequência da violência contra a mulher e muitas vezes iniciar nesse período. A literatura destaca alguns fatores que associam violência doméstica com a gestação, como a baixa escolaridade, baixa renda familiar gravidez na adolescência, desemprego da gestante e do parceiro, consumo de álcool pelo parceiro, abuso sexual na infância, história prévia de violência doméstica e eventos estressantes de vida , multigestações, parceiros sem religiões, ter filhos de outros parceiros, história familiar de violência , idade mais elevada do parceiro (AUDI et al, 2008;SANTOS et al, 2010; SEMAHEGN et al, 2013; BAGCIOGLU et al, 2013; FAGEEH, 2014; SGOBERO et al, 2015 ; Lima et al, 2016 ).As repercussões físicas, psicológicas e sociais dessa violência, assim como a instituição de medidas de superação pela vítima e sua família ganham relevância quando se escuta a trajetória percorrida e as interações sociais, vivenciadas pela mulher na sua aproximação com a violência. Torna-se necessário, portanto, ampliar a compreensão da violência durante o atendimento a esta mulher e sua família para melhor entender o fenômeno e viabilizar novas formas de intervenção, possibilitando boas práticas profissionais no enfrentamento e redução dos casos de violência contra mulheres.Embora a violência contra as mulheres esteja incluída em agendas internacionais (saúde, direitos humanos, desenvolvimento e jurídico), ainda há uma lacuna entre o reconhecimento do problema e formas de melhor atendimento dessas mulheres em situação de violência.