Doenças, alimentação e resistência na penitenciária da Bahia, 1861-1865

Abstract

Apresenta um estudo sobre as doenças e as condições de alimentação dos presos da Casa de Prisão com Trabalho em Salvador, Bahia, nos primeiros anos de seu funcionamento. Analisa suas estratégias em busca de tratamento médico e de uma alimentação digna, e destaca também como os presos se apropriavam das novas normas oficiais para resistir e conquistar espaços de respiração dentro do novo modelo de aprisionamento pretendido pela primeira penitenciária da Bahia. Demonstra que nem mesmo privados de necessidades tão básicas, como as relacionadas a saúde e alimentação, os presos se tornaram vítimas passivas do novo sistema prisional; pelo contrário, atuaram ativamente na construção da própria história.

The physical health of women deprived of their freedom in a prison in the state of Rio de Janeiro

“…The difficulties related to the quality of the food offered are directly related to the standard of consumption and, in their turn, to the appearance of comorbidities, as the fact that the possibility of rejection exists, with the need for substitution, in the majority of cases, provokes a distancing from healthy styles of eating. 19,20 In relation to the difficulty related to the quality of the food, the need was reported in the interviews for a diet based on recommendations made by a physician; however, due to the lack of options, some women stated that they accept the food offered by the Institution, as may be observed in the following accounts:…”

“…A balanced diet recommended by a nutritionist promotes the development of healthy habits and can help the women to live with greater health, even when within the prison system, avoiding the appearance of comorbidities. 19,20 As a result, the difficulty in guaranteeing specific dietary requirements, along with specified needs, ends up affecting weight control and the parameters of tests, such as, for example, glycemia and lipid panel. In relation to this issue, there are the following accounts:…”

“Para preso Ex.mo Senhor: não hai hospital”: a assistência médica oferecida aos presos pobres da província de São Pedro (1855-1888)

“…A Casa de Prisão com Trabalho de Salvador (Bahia), por exemplo, não contava, ainda em 1865, com uma enfermaria própria (Trindade, 2011(Trindade, , p. 1074.…”

A (in)salubridade do cárcere e outras causa mortis na Casa de Correção de Porto Alegre, 1855-1888

“…11 Para o total de 268 presos ingressados no hospital de Salvador em 1865, segundo Trindade (2011Trindade ( , p.1078), 14,9% deram entrada com problemas do sistema respiratório (40); 13,1% devido a afecções do sistema digestivo (35), e se não fosse pelas "variadas", que alcançaram a porcentagem de 9,3% (25), teríamos a mesma sequência tipológica de doenças verificada em nosso caso, visto que as infectoparasíticas entrariam em terceiro lugar com 7,8% (21). Para outras cartografias penais, também há estudos que corroboram essa tendência de maior incidência entre as doenças englobadas nas categorias aqui trabalhadas (gastrintestinais, respiratórias e infectoparasíticas) sobre as demais dolências desenvolvidas pela população reclusa ou com ela levadas às prisões.…”

“…Para o Rio Grande do Sul, onde havia Casas de Misericórdia, eram enviados os enfermos, como Pelotas, Rio Grande, São Gabriel etc. A Casa de Prisão com Trabalho de Salvador (Bahia), por exemplo, não contava, todavia, em 1865, com uma enfermaria própria, segundo Trindade (2011Trindade ( , p.1074.…”