“…Huntington, um dos líderes do "neorrealismo" diplomático e da emergente orientação "neoconservadora", foi influente na concepção do chamado "paradigma da ordem política", proposta que, desde os anos 1970, vem influenciando o partido Democrata e dominando o partido Republicano (Ehrman, 1993). Amiúde colocavam-se para a política dos Estados Unidos, com esse paradigma, metas de combate à instabilidade por meio de um controle de expectativas sociais (e do próprio sentido de modernização) e pelo incentivo ao fortalecimento de sólidas alianças interclasses nos países, para o amparo à legitimidade de regimes e de governos, redundando, daí, uma política com forte viés de "institucionalização" (Mello, 2009). A crise do "consenso liberal" e o ajuste "institucional" da ditadura brasileira Desde o fim dos anos 1960, a posição liberal acerca do ideal normativo do "desenvolvimento" vinha sendo balançada, como a projeção de Huntington o demonstra, no coração de sua tese de sustentação. Atacava-se, nos seus parâmetros de "transição democrática" e de "institucionalização" estabelecidos na estratégia de Guerra Fria dos Estados Unidos, dos anos 1950 e 1960, a continuidade da postulação, feita particularmente a partir das "teorias de modernização" da sociologia norte-americana, de que a realização de um programa de desenvolvimento industrial, mediante "modernos saberes" das ciências econômicas e administrativas e da criação de novas estruturas e mecanismos jurídicos de intervenção estatal, teriam como consequência ulterior a organização de regimes democráticos (Gilman, 2003;Cattai, 2018 (1963)(1964)(1965)(1966)(1967)(1968)(1969) de combate à pobreza e de superação da questão racial por meio do desenvolvimento econômico.…”