Este trabalho se volta para as disputas de sentido que envolvem a presença das mulheres no espaço público a partir da seguinte pergunta: como os sentidos de 'vadia' se constituem no movimento Marcha das Vadias? Para tanto, analisamos o funcionamento discursivo dos Coletivos Marcha das Vadias no Facebook, a textualização do político e os deslocamentos que produzem uma ruptura na memória sobre a vadia, tendo como trajeto de pesquisa três eixos: 1. Os modos de subjetivação no discurso através da relação entre língua, sujeito e história; 2. Os processos de constituição, formulação e circulação dos dizeres de um movimento político imbricados ao espaço digital; 3. O funcionamento da memória discursiva nas relações históricas que significam as mulheres no espaço público, bem como o processo de construção e legitimação do sujeito vadia social e politicamente na Marcha. No intuito de percorrer tais trajetos de sentido, situamo-nos no horizonte teórico da Análise do Discurso materialista proposta por Michel Pêcheux, que considera a constituição ideológica dos sentidos instaurando um campo de reflexão que leva em conta as relações entre a realidade histórica, a materialidade da língua e a existência do sujeito. Ao mesmo tempo, promovemos diálogos com campos do saber que giram em torno da incorporação da categoria gênero, problematizando a sexualização da experiência humana no discurso, a exemplo da História das Mulheres e dos Estudos de Gênero. Palavras-chave: Análise do discurso. Acontecimento discursivo. Marcha das Vadias. Mulheres. Espaço público.