Dilemas de profissionais de unidade de terapia intensiva diante da terminalidade

Abstract

<jats:p>Resumo O objetivo geral deste artigo é compreender como profissionais intensivistas vivenciam a terminalidade e seus impasses bioéticos. O estudo apresenta resultados de pesquisa de campo quali-quantitativa com 12 intensivistas de um hospital público estadual. Foram utilizados na coleta de dados questionário sociodemográfico e entrevista semiestruturada, gravada em áudio e transcrita posteriormente. Os dados foram processados com auxílio do software Iramuteq, que analisa textos estatisticamente. O estudo evidencia como os profissionais compreendem de forma superficial o fim da vida e os dilemas bioéticos decorrentes, faltando base para decisões terapêuticas. Pode-se perceber que a vivência dos profissionais é permeada por dificuldades e sentimentos diversos. Por fim, conclui-se que é necessário investir em educação continuada para trabalhar temas da bioética como a terminalidade. Aprovação CEP-Uespi 2.153.848</jats:p>

Terminal care: philosophical reflection from ethical and moral perspectives

“…Countless professionals base their decisions on religious beliefs, justifying their actions through faith and personal values, which generates emotional instability and insecurity regarding their conduct. 3 In professional practice, personal values and beliefs influence nursing care and directly interfere with the behavior of these specialists. These characteristics are reflected in the way care is provided to patients and their family members, in addition to causing these professionals to distance themselves and have little involvement in terminal situations.…”

“…These characteristics are reflected in the way care is provided to patients and their family members, in addition to causing these professionals to distance themselves and have little involvement in terminal situations. 3,9 As stated by Brochard, the view on modern morals is surrounded by personal values and beliefs and could be circumvented if completely separated from theology. If so, ideas related to duty and obligation would be eliminated and modern morals would become purely philosophical, scientific, and rational.…”

“…Given this scenario, moral dilemmas become constant, especially when these professionals face the necessity of choosing between artificial maintenance of life or a possible interruption of life support by not offering all possible devices for ensuring the continuation of the death process. 3 Other factors also contribute to the emergence of these dilemmas among health professionals, including little knowledge of terminal care, lack of time and interprofessional relationship, uncertain definition of the patient's condition, and the communicative difficulties between the health team and patient. 4 The contribution of ethical principles in elucidating moral dilemmas for decision-making in end-of-life care is highlighted, since it permeates the practice of health professionals who deal with the patient in this stage.…”

Cuidados terminais: reflexão filosófica sob a ótica da ética e da moral

“…Muitos profissionais fundamentam, suas decisões em crenças de fundo religioso, justificando-se por meio da fé e valores pessoais, o que gera instabilidade emocional e insegurança no que se refere às condutas. 3 Na prática profissional, valores e crenças influenciam o cuidado de enfermagem e interferem diretamente no comportamento dos profissionais, impactando em como a assistência é prestada aos pacientes e familiares. Ademais, esses valores e crenças causam reações de afastamento e pouco envolvimento nas situações de terminalidade.…”

“…Nesse cenário, os dilemas morais se tornam constantes quando esses trabalhadores se deparam com a necessidade de escolher entre a manutenção artificial da vida ou a possível retirada de suporte vital -ou seja, deixando de oferecer todos os artifícios possíveis para o prolongamento do processo de morte. 3 Outros fatores também contribuem para o surgimento de tais dilemas entre os profissionais, tais como; o pouco conhecimento sobre assistência terminal; a falta de tempo; a relação interprofissional; a definição incerta do quadro do enfermo; e a relação equipe-paciente e suas dificuldades comunicativas. 4 Percebe-se a contribuição dos princípios éticos para elucidar dilemas morais e sejam tomadas decisões nos cuidados ao fim da vida, os quais fazem parte da prática dos profissionais de saúde que lidam com o paciente nessa fase.…”