RESUMO: Objetivos:A lesão duodenal é um evento pouco freqüente, que incide em 3% a 12% dos pacientes com trauma de abdome. A sutura dessa ferida e a drenagem adequada da região é o tratamento mais utilizado nas lesões menores. Entretanto, as feridas de maior dimensão continuam sendo um desafio para a escolha do melhor tratamento. O fechamento do piloro e o desvio do trânsito digestório por meio de anastomose gastrojejunal é a conduta mais freqüente nessas situações. Os objetivos deste estudo foram verificar se há diferença entre o tempo de reabertura pilórica após sua oclusão com diferentes fios e se a vagotomia influencia nas alterações tissulares locais. Método: Foram estudados 30 ratos, submetidos à cerclagem do piloro gastroduodenal e derivação gastrojejunal. Os animais foram divididos em três grupos (n = 10), de acordo com o tipo de fio utilizado no fechamento pilórico: categute simples, ácido poliglicólico e polipropileno. Metade dos animais de cada grupo (n = 5) foram também submetidos a vagotomia troncular. O estudo pós-operatório consistiu de radiografia abdominal após injeção intragástrica de contraste baritado, semanalmente até a constatação de trânsito gastroduodenal. Em seguida, as regiões pilórica e da anastomose gastrojejunal foram retiradas para análise histológica. A comparação entre os grupos foi feita pelo teste de Kaplan-Meier. Resultados: O fio de polipropileno manteve o piloro fechado por mais tempo (36,3 ± 11,6 dias) em relação aos demais fios (p < 0,05), não havendo diferença entre os fios de ácido poliglicólico (25,8 ± 14,2 dias) e categute simples (18,7 ± 10,2 dias). A vagotomia não influenciou no tempo de reabertura pilórica, mas acompanhou-se de menor reação inflamatória gástrica. Conclusões: O fio inabsorvível foi o mais adequado para a exclusão do trânsito pilórico e a vagotomia não influenciou no tempo de reabertura pilórica, mas reduziu a intensidade da gastrite pós-operatória (Rev. Col. Bras. Cir. 2005; 32(5): 328-331
INTRODUÇÃOLesão de duodeno pode estar presente em 3% a 12% dos pacientes com trauma abdominal [1][2][3][4] . Essa incidência corresponde a 10% dos ferimentos do sistema digestório e constitui um dos grandes desafios da traumatologia 5 . Na Primeira Grande Guerra, foram registrados 10 casos de trauma duodenal, perfazendo 6% de todas as feridas de intestino delgado, com uma mortalidade de 80%.2 Desde então, o seu número vem aumentando, principalmente em decorrência de acidentes automobilísticos, além de agressões por armas branca e de fogo [6][7][8] . Essa lesão pode também ocorrer como complicação iatrogênica, em 1% a 7% dos procedimentos endoscópicos sobre o duodeno e a via biliar 1 , bem como no tratamento cirúrgico da úlcera péptica gastroduodenal 3 . Fístula e infecção são as principais complicações intra-abdominais das lesões de duodeno e ocorrem em 2% a 14% dos casos 4,9 . Não há consenso em relação ao tratamento mais adequado para lesões duodenais 5,10,11 . A maior parte dos autores concorda que a melhor operação para as feridas simples é a sutura em dois pla...