ResumoObjetivos: Caracterizar a população de adolescentes e jovens adultos com cardiopatias congénitas (CC) ao nível do seu ajustamento psicossocial e morbilidade psiquiátrica, bem como avaliar a qualidade de vida (QV), para perceber quais são as variáveis com impacto na vida e na adaptação à doença. População e métodos: Participaram 74 pacientes com CC, sendo 41 do sexo masculino e 33 do sexo feminino, com idades entre 12-26 (média = 18,76 ± 3,86). Foram recolhidos os dados demográficos e clínicos mais relevantes dos pacientes e foi aplicado um conjunto de instrumentos, incluindo uma entrevista semiestruturada sobre tópicos de suporte social, estilo de educação na família, autoimagem e limitações físicas, uma entrevista psiquiátrica estandardizada e questionários para avaliar o ajustamento psicossocial na forma de autorrelato (YSR e ASR) e relato dos cuidadores (CBCL e ABCL), bem como um questionário de avaliação da qualidade de vida (WHOQOL-BREF). Resultados: O sexo feminino relatou mais ansiedade/depressão (u = 952,500; p = 0,003), alterações do pensamento (u = 929,500; p = 0,005) e comportamento agressivo (u = 999,000; p = 0,000). Pacientes com CC complexas relataram mais alterações de pensamento (u = 442,000; p = 0,027) e internalização (u = 429,000; p = 0,021). Comparativamente com a população portuguesa, os nossos participantes apresentaram melhor QV nos domínios relações sociais (t = 2,333; p = 0,022) e ambiente (t = 3,754; p = 0,000). Os pacientes que não foram submetidos a intervenções cirúrgicas revelaram melhor QV nos domínios físico (t = −1,989; p = 0,050), de relações sociais (t = −2,012; p = 0,048) e QV geral (u = 563,000; p = 0,037). A presença de um melhor suporte social está relacionada com uma melhor QV nos pacientes em todos os domínios avaliados, com destaque para o físico (t = 3,287; p = 0,002) e relações sociais * Autor para correspondência. Correio eletrónico: memilia.areias@cespu.pt (M.E.G. Areias).